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Flávio vai pedir a Bolsonaro que enquadre 'maluquices' de Michelle

Senador visita o pai na Superintendência da Polícia Federal em meio a disputas políticas com a madrasta

Michelle Bolsonaro - 23 de novembro de 2025 (Foto: Reuters/Mateus Bonomi)

247 - A tensão aberta pelas críticas de Michelle Bolsonaro à aliança construída por bolsonaristas com Ciro Gomes no Ceará chega nesta terça-feira (2) à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde Jair Bolsonaro (PL) está preso. Segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) visita o pai e pretende transmitir-lhe o pedido de dirigentes do PL para que contenha a ex-primeira-dama, diante do impacto político das declarações feitas no fim de semana.

O senador foi encarregado de solicitar ao ex-presidente que peça a Michelle um recuo público. O movimento busca estancar a crise interna provocada por sua manifestação no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo), quando ela atacou diretamente Ciro Gomes — pré-candidato ao governo estadual pelo PSDB — e, indiretamente, lideranças bolsonaristas que avalizaram o acordo articulado pelo deputado André Fernandes, presidente do PL no estado.

Diante do público e na presença de Fernandes, Michelle criticou duramente a aproximação com Ciro, afirmando: “Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá. Nós vamos nos levantar e nós vamos trabalhar para eleger o Girão”. A fala repercutiu mal entre aliados, sendo classificada como “autoritária” por Flávio Bolsonaro e criticada também por Carlos e Eduardo Bolsonaro.

Dirigentes do PL afirmam que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, também se sentiu alvo das declarações. Após o episódio, a legenda organizou uma reunião emergencial com o objetivo de “enquadrar” Michelle. A expectativa é que, quando a ex-primeira-dama visitar o marido na quinta-feira (4), ele próprio tente persuadi-la a interromper a escalada de críticas.

A missão, porém, não será simples. Após o episódio, Michelle divulgou uma nota reafirmando sua posição e declarando que “jamais poderia concordar em ceder o meu apoio a um homem que causou tanto mal ao meu marido e à minha família”. A resistência fez com que ela, presidente do PL Mulher, fosse convocada para uma reunião com a cúpula da sigla ainda nesta terça-feira, em clima de forte cobrança. Um dirigente resumiu a insatisfação: “Michele não entende que ela é uma funcionária do partido e do Valdemar. Nem o Bolsonaro fala assim. É uma questão de disciplina partidária”.

Nos bastidores do PL, cresce a avaliação de que a ex-primeira-dama está “incontrolável” e “se achando”. A paciência de integrantes da cúpula estaria no limite: “O PL nacional está do lado do André Fernandes e de saco cheio das maluquices dela”, afirmou um dirigente sob reserva.

A escolha de apoiar Ciro Gomes no Ceará, conforme relatado por André Fernandes após o evento, teria sido respaldada pelo próprio Jair Bolsonaro. O deputado afirmou que, em 29 de maio, o ex-presidente participou por viva-voz da conversa em que o acordo foi selado, com aval posterior de Valdemar da Costa Neto. A articulação também tem como objetivo viabilizar a candidatura ao Senado do pastor Alcides Fernandes, pai do deputado.

Michelle, porém, já vinha se posicionando contra a aliança e havia sinalizado essa discordância em vídeo nas redes sociais. Por isso, recebeu pedidos prévios para evitar novos ataques a Ciro durante o evento no Ceará — apelo que ignorou. A crise se amplia no momento em que o ex-ministro, recém-filiado ao PSDB, surge como alternativa competitiva contra o governador Elmano de Freitas (PT), candidato à reeleição. Para o bolsonarismo, apoiá-lo seria parte da estratégia para enfraquecer o PT no estado.

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