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Lindbergh: 'Dilma fez um testemunho heroico e emocionante sobre os horrores que ela enfrentou na ditadura militar' (vídeo)

O líder do PT mencionou uma frase dita por Dilma Rousseff sobre o período ditatorial. Relembre a trajetória dela

Lindbergh Farias (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
Leonardo Lucena avatar
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247 - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), destacou nesta segunda-feira (31) a importância de Dilma Rousseff para a resistência contra a ditadura militar (1964-1985). O petista fez um comentário numa data em que se recorda criticamente os 61 anos do golpe militar, que teve início em 31 de março de 1964, impondo um regime ditatorial no Brasil até 1985.

“Testemunho emocionante e heroico da Dilma Rousseff sobre os horrores que ela enfrentou na ditadura”, escreveu o parlamentar na rede social X sobre a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco do Brics. Ela foi reconduzida ao cargo no último dia 23, durante o Fórum de Desenvolvimento da China, em Pequim, na China.

O petista mencionou uma frase dita por Dilma: "O que mata na ditadura é que não há espaço para a verdade, porque não há espaço para a vida", afirmou a ex-presidenta, que também foi vítima de um golpe de Estado em 2016, ano em que foi inocentada pelo Ministério Público Federal e por uma perícia do Senado. “Ditadura nunca mais”, afirmou Lindbergh.

Dilma foi presa em 1970 pelo crime de “subversão”. Era militante de grupos de esquerda, de resistência, que se opunham à ditadura. De acordo com informações publicadas no portal “Memórias da Ditadura”, mantido pelo Instituto Vladimir Herzog, a ex-presidenta sofreu torturas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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Dilma Rousseff. Foto: Divulgação(Photo: Divulgação )

Leia abaixo o texto publicado na plataforma sobre Dilma:

Economista, ex-ministra e atual presidenta do país, Dilma Rousseff lutou pela derrubada da ditadura, pela democracia e pela liberdade no Brasil.

Em 1964, iniciou sua militância na Organização Revolucionária Marxista – Política Operária (Polop), aos 16 anos. Depois, ingressou no Comando de Libertação Nacional (Colina), movimento adepto da luta armada. Em 1969, começou a viver na clandestinidade e foi obrigada a abandonar o curso de economia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que havia iniciado dois anos antes. Em julho daquele ano, o Colina e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) se uniram, criando a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). No entanto, ela afirma que nunca participou efetivamente da luta armada.

Em 1970, Dilma foi presa e submetida a torturas em São Paulo (Oban e DOPS), no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. As torturas aplicadas foram o pau de arara, a palmatória, choques e socos, que causaram problemas em sua arcada dentária. No total, foi condenada a seis anos e um mês de prisão, além de ter os direitos políticos cassados por dez anos. No entanto, conseguiu redução da pena junto ao Superior Tribunal Militar (STM) e saiu da prisão no final de 1972.

Naquele mesmo ano, Dilma se mudou para Porto Alegre. No ano seguinte, passou a fazer campanha em favor do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Em 1976, nasceu Paula Rousseff Araújo, sua única filha.

Embora tenha se firmado como candidata à sucessão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma era uma integrante recente no Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1980, ela ajudou a fundar o Partido Democrático Trabalhista (PDT), legenda à qual permaneceu filiada até 2001, quando ingressou em seu atual partido.

Durante a campanha presidencial de 2002, que levou Lula ao Palácio do Planalto, Dilma ganhou destaque na equipe responsável por formular o plano de governo na área energética. Foi convidada então a ocupar a pasta de Minas e Energia em 2003.

Permaneceu à frente do ministério até junho de 2005. Em abril de 2009, revelou que estava se submetendo a tratamento contra um linfoma descoberto em um exame de rotina. Após sessões de radioterapia e quimioterapia, Dilma afirmou estar curada do câncer e, apenas alguns meses depois, o PT oficializou sua candidatura à Presidência da República nas eleições 2010, que saiu vitoriosa. Foi reeleita em 2014.

Estatísticas: perfil das vítimas no período ditatorial

A maioria dos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar brasileira é formada por jovens estudantes ligados a organizações políticas e que viviam nas capitais. A conclusão faz parte de análise do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que, entre 2012 e 2014, investigou casos de graves violações de direitos humanos durante o período (1964-1985). Os números foram divulgados em reportagem assinada por Alex Rodrigues, na Agência Brasil.

A CNV identificou 434 pessoas mortas ou desaparecidas devido à ação de agentes do Estado. A média de idade das vítimas identificadas pela comissão é de 32,8 anos. A maioria (77,4%) tinha entre 18 e 44 anos, sendo que quase metade, 49,3%, estava na faixa etária de 18 a 29 anos.

Das 434 vítimas identificadas pela comissão, 51 eram mulheres e, em média, estas tendiam a ser mais jovens que os 383 homens mortos ou desaparecidos.

Do total de vítimas, 140 (ou 32%) eram estudantes – o que, para os responsáveis pela análise, demonstra a violenta repressão do aparato estatal contra o movimento estudantil e a juventude. Em seguida, vêm os operários (57); trabalhadores rurais (30); jornalistas (28); professores (28); militares e ex-militares (27); profissionais de serviços administrativos e jurídicos (26); bancários (20) e profissionais do setor artístico (19).

Pelas estatísticas, 37% eram filiadas a algum partido político e 4% a sindicatos. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi a legenda com o maior número de militantes assassinados: 79 pessoas, ou 18,2% do total de mortes levantadas pela CNV. A extinta Ação Libertadora Nacional (ALN) foi a segunda organização com mais mortes e desaparecimentos (60), seguida pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), que teve 41 filiados assassinados ou desaparecidos.

As estatísticas compiladas a partir do relatório da CNV estão disponíveis na página do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), na internet. Os dados reforçam a tese de que a repressão violenta não ocorreu de maneira uniforme ao longo dos anos e que é justamente entre os anos de 1969 e 1978, quando vigorava o Ato Institucional nº 5 (AI5), que se concentra o maior número de vítimas da ação repressiva. “Antes do golpe militar de 1964, ainda no período democrático, foram registrados 12 assassinatos políticos resultados da atuação do Estado brasileiro, evidenciando que a perseguição política já existia, ainda que de forma menos sistemática.

Entre 1966 e 1968, durante a fase inicial da ditadura, 51 pessoas foram assassinadas enquanto o regime buscava manter uma aparência de legalidade, consolidando o aparato repressivo”, enfatiza o texto de apresentação dos dados, atribuindo parte do aumento de casos do período aos confrontos entre forças de segurança pública e militantes da luta armada contra a ditadura militar, no episódio conhecido como Guerrilha do Araguaia, de 1967 a 1974 (com Abr).

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