Partidos de ministros de Lula deram 34% dos votos contra cassação de Zambelli
Siglas com ministérios responderam por mais de um terço dos votos que livraram a deputada
247 - A votação que manteve o mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) expôs divisões internas em partidos que ocupam ministérios no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O resultado do plenário, realizado na madrugada desta quinta-feira (11), terminou com 227 votos favoráveis à cassação e 170 contrários, número insuficiente para afastar a parlamentar. De acordo com levantamento do Metrópoles, quatro legendas com assentos no primeiro escalão do governo contribuíram com 58 votos contrários — o equivalente a 34% do total que impediu a perda do mandato.
O Republicanos, que tem Silvio Costa Filho à frente do Ministério de Portos e Aeroportos, dividiu sua bancada: foram 17 votos contra a cassação e 17 a favor. No PSD, partido dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca e Aquicultura), prevaleceu a posição contrária à punição, com 16 votos pelo arquivamento e 11 favoráveis à perda de mandato.
No MDB, sigla que controla as pastas de Cidades, Planejamento e Transportes, a divisão também foi expressiva: 12 votos pela manutenção do mandato e 15 pela cassação. Já o PP, que tem André Fufuca à frente do Ministério do Esporte, registrou 13 votos contrários e 24 favoráveis. Mesmo rompido com o governo, o partido manteve Fufuca no cargo, situação que ampliou o desgaste político após o resultado.
Enquanto isso, as legendas de esquerda e centro-esquerda que integram a base de Lula votaram integralmente pela cassação. No total, esses partidos somaram 119 votos favoráveis ao parecer que recomendava a perda do mandato de Zambelli. O União Brasil, que deixou recentemente a coalizão governista, também se dividiu: foram 22 votos contrários e 21 a favor.
A votação no plenário ocorreu um dia após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovar o relatório que pedia a cassação da deputada. Para que o mandato fosse revogado, eram necessários 257 votos — faltaram apenas 30.
Carla Zambelli está presa na Itália, aguardando processo de extradição para o Brasil. A parlamentar já está inelegível em razão de duas condenações que somam 15 anos e 3 meses de prisão. Uma delas foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que atribuiu a ela participação intelectual na invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ação realizada em parceria com o hacker Walter Delgatti. O episódio incluiu a inserção de documentos falsos, entre eles um mandado de prisão fabricado contra o ministro Alexandre de Moraes.
A outra condenação, também do STF, diz respeito ao episódio do porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, quando Zambelli perseguiu um apoiador de Lula durante a campanha do segundo turno em 2022, empunhando uma arma de fogo nas ruas de São Paulo.



