PL tenta manobra para atropelar Motta e pautar anistia
Estratégia da sigla aposta em ausência de Hugo Motta para tentar levar proposta ao plenário
247 - O PL articula novos caminhos para tentar levar ao plenário o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro. A legenda trabalha com a possibilidade de pautar o tema mesmo sem a autorização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo o Metrópoles, a ideia é aproveitar uma eventual ausência de Motta no exterior para que o vice-presidente da Casa, Altineu Côrtes (PL-RJ), assuma a presidência interina e coloque a proposta em votação. O plano, no entanto, tem enfrentado obstáculos dentro do próprio PL e nas articulações mais amplas do Congresso.
Pressões internas e recuos sucessivos
A movimentação do PL se intensificou após a prisão definitiva de Jair Bolsonaro (PL). A sigla avalia que a aprovação da anistia poderia ajudar a reverter os efeitos políticos do caso e aliviar a situação de apoiadores envolvidos nos episódios do 8 de Janeiro.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a telefonar para Altineu Côrtes há duas semanas, quando Hugo Motta viajou a Belém para a COP30. Na ocasião, Côrtes conduziu a sessão, mas recusou pautar a anistia, justificando que não poderia alterar uma agenda previamente definida pelo presidente da Câmara.
A pressão aumentou com a atuação do líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que cobrou pessoalmente o vice-presidente para cumprir o que teria prometido à família Bolsonaro. Ainda assim, Côrtes manteve a decisão de não avançar com o tema.
Em agosto, o próprio Altineu havia declarado publicamente: “eu, como vice da Câmara e do Congresso, sempre busquei equilíbrio e diálogo. Sempre respeitei Motta, que tem a pauta na sua mão. Diante dos fatos, já comuniquei a Motta que, no primeiro momento em que eu exercer a presidência plena da Câmara, quando Motta se ausentar do país, irei pautar a anistia”.
Nesta semana, a estratégia quase foi colocada em prática novamente, mas a viagem de Motta à Europa — onde encontraria o papa Leão XIV — foi cancelada, frustrando mais uma vez os planos do PL.
Resistência de Hugo Motta
Aliados do presidente da Câmara relatam que Hugo Motta tem reiterado que não pretende pautar a anistia. Ele avalia que a matéria não reúne votos suficientes e poderia expor o Congresso a novas tensões num momento delicado da agenda legislativa.
Além das divergências internas, líderes do Centrão também se afastam da discussão, temendo que a votação reacenda desgastes acumulados ao longo do ano — especialmente na Câmara, onde temas sensíveis provocaram sucessivas crises.



