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Flávio e Michelle posam com 'Bolsonaro de papelão' após crise interna

Publicação ocorre após divergências sobre apoio a Ciro Gomes no Ceará

Flávio Bolsonaro, André Fernandes, boneco de papelão de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Valdemar Costa Neto e Rogério Marinho (Foto: Reprodução/Instagram/@andrefernandes)

247 - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro divulgou nas redes sociais uma foto em que aparece ao lado de uma réplica em tamanho real de Jair Bolsonaro (PL), feita de papelão, acompanhada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal André Fernandes (PL-CE) e do presidente da sigla, Valdemar Costa Neto. O registro foi publicado após dias de tensão no PL.

Michelle buscou reforçar a mensagem de união após a direção nacional suspender o apoio à pré-candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo cearense, movimento que ela havia criticado publicamente. A postagem veio depois de um embate entre ela, os filhos de Bolsonaro e André Fernandes, responsável por conduzir as negociações no estado.

Michelle acompanhou a imagem com a mensagem: "Com oração, conversa sincera e união, o Brasil tem solução". Ela também publicou outra foto ao lado de André Fernandes, que afirmou, após a reunião partidária, que Bolsonaro tinha conhecimento da articulação: "Houve um ruído de comunicação. Vou continuar lutando para que o estado do Ceará se livre das garras do PT, para que acorde. Eu estou aqui para dizer que faremos essa composição em conjunto".

A réplica de Jair Bolsonaro, com 1,85 metro de altura, tem sido usada com frequência nos eventos do PL desde que ele foi preso.

A crise

A tensão começou no domingo (30), quando Michelle criticou a aproximação do PL com Ciro Gomes durante o lançamento da candidatura de Eduardo Girão ao governo do Ceará. Ciro, que migrou recentemente do PDT para o PSDB, foi defendido por André Fernandes, que assegurou que a articulação contava com aval de Bolsonaro.

Na ocasião, Michelle contestou abertamente a aliança: "É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro), isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como".

As declarações repercutiram entre os filhos do ex-presidente, que está preso na Superintendência da Polícia Federal. Flávio Bolsonaro foi o primeiro a reagir, chamando Michelle de autoritária: "A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora".

Carlos Bolsonaro reforçou nas redes sociais que a articulação no Ceará ocorreu com aval do pai: “Temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças”. Eduardo Bolsonaro acompanhou a crítica e afirmou: "Meu irmão Flávio está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André".

Na terça-feira (2), Flávio Bolsonaro visitou o pai na PF e afirmou ter se entendido com Michelle. Ambos pediram desculpas mútuas. Mesmo assim, a ex-primeira-dama manteve sua discordância sobre a aliança no Ceará: "Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos?", questionou. Ela acrescentou: "Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade".

A crise interna no PL expôs novamente disputas de influência entre figuras centrais do bolsonarismo, enquanto a sigla tenta reorganizar seu posicionamento político nos estados e definir alianças para o próximo ciclo eleitoral.

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