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Jornalistas debatem comunicação e integração para promover a paz e soberania do Sul Global

O tema do seminário em Salvador foi “Comunicação para impulsionar a integração, a soberania e a paz na região”

Jornalista Leonardo Attuch (ao microfone) com outros participantes de um seminário (Foto: Manoel Porto/Divulgação (Barão de Itacaré))

247 - Fundador do Brasil 247, o jornalista Leonardo Attuch afirmou que a integração das mídias do Sul Global se tornou central em sua trajetória. Relatou ter se impressionado com o modelo chinês de comunicação, público, profissional e voltado à construção de consensos, diferente da lógica de polarização ocidental, após visitas ao país. A 2° edição do Seminário Internacional de Comunicação para a Integração começou na sexta-feira (28), no Ginásio dos Bancários da Bahia, em Salvador. O tema de abertura foi “Comunicação para impulsionar a integração, a soberania e a paz na região”.

Felipe Bianchi, jornalista do Barão de Itararé, organização promotora do evento, abriu a programação defendendo a soberania e integração latino-americana contra o poder do capital e das Big Techs. Ressaltou também a comunicação como campo central de disputa, destacando, inclusive, a importância da cooperação entre as mídias independentes.

Em seguida, Adelmo Andrade, diretor de comunicação do Sindicato dos Bancários da Bahia, parceiro do evento, enfatizou o desafio da entidade sindical, reforçando a importância dos sindicatos na defesa do trabalhador. O diretor também aproveitou a oportunidade para parabenizar o jornal diário O Bancário, que nesta segunda-feira (01/12), completa 36 anos ininterruptos.

Para finalizar a cerimônia de abertura, Renata Mielli, coordenadora do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), reforçou falas anteriores e citou o controle das grandes empresas na circulação de informações, que promovem desinformação e influenciam processos políticos.

Comunicação e cooperação no Sul Global

“Comunicação e cooperação no Sul Global” foi o tema do primeiro debate. A mesa de discussão foi composta por Patrícia Villegas, presidente da teleSUR; Isabela Shi Xiaomiao, jornalista da CGTN Português; Bruno Lima Rocha, jornalista da Hispan TV; Leonardo Attuch, fundador do Brasil 247 e Michele de Mello, jornalista da RT en Español.

Patrícia Villegas abriu a mesa e trouxe à conversa a situação venezuelana e afirmou que se trata também de uma “guerra comunicacional construída para distorcer a imagem de seus líderes”. Segundo ela, as narrativas divulgadas pelos meios ocidentais são distorcidas e moldadas de forma que influenciam diretamente percepções e agressões políticas e militares. Citou o exemplo da TeleSUR, mostrando que estar presente e narrar é fundamental para vencer a batalha comunicacional.

Na sequência, Isabela Shi Xiaomiao, jornalista chinesa da CGTN Português, destacou que a estrutura global de comunicação permanece desequilibrada, colocando o Sul Global diante do desafio de romper uma “narrativa pobre” e afirmou acreditar que a cooperação entre mídias são fundamentais para formar consenso sobre desenvolvimento, compartilhar experiências como redução da pobreza e modernização nacional e transformar esse conhecimento em força de mudança.

Ainda no debate, Michele de Mello, jornalista da RT en Español, citou a preocupação com a divulgação de informações por pessoas mal-intencionadas “difundindo matrizes de opinião para ganho político e econômico”, enquanto jornalistas disputam o mesmo meio no intuito de repassar notícias. Enfatizou que a comunicação sempre teve dimensão estratégica, mas agora ganha ainda mais importância na disputa sobre modelos de sociedade.

Logo depois, para finalizar a conversa, Bruno Lima Rocha, da Hispan TV, afirmou ser difícil dividir como a mídia hegemônica trata a opinião internacional, sempre focando em centros de poder Europa subalterna e norte-americanas, apesar de o mundo ser mais complexo.

Destacou que existe mídia iraniana em língua portuguesa, profissional e feita por trabalhadores. Citou exemplos: Honduras, onde denunciaram sabotagem eleitoral e acusações de “narcoterrorismo”; Equador, onde divulgaram denúncias contra o presidente; Chile, onde acompanham eleições lendo portais alternativos; Paraguai, onde denunciaram sanções dos EUA ao Banco Basa, ligado ao ex-presidente Horacio Cartes.

A primeira mesa contou com informações e experiências diversas focadas na integração e colaboração da comunicação para combater a mídia hegemônica e formar frentes que possam enfrentar as grandes empresas de tecnologias. O evento conta com apoio do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), através do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), além do Sindicato dos Bancários da Bahia.

No sábado (29), a atividade terá início às 9h30 com debates, oficina e a plenária final.

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