100ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre 2025 bate recorde histórico de mulheres inscritas
Prova reúne 55 mil atletas de 44 países e mulheres somam 47% dos inscritos
247 - A Corrida Internacional de São Silvestre chega à sua centésima edição consolidando marcas inéditas e reforçando sua relevância no cenário esportivo mundial. Em 2025, a prova reúne 55 mil corredores de 44 países, o maior número já registrado em sua história. Entre os inscritos, as mulheres representam 47% do total, estabelecendo um recorde absoluto de participação feminina na tradicional corrida de rua. O crescimento expressivo da presença feminina foi amplamente celebrado por corredoras brasileiras, que destacaram o significado histórico e social desse avanço. As informações são da Agência Brasil.
Marca histórica na centésima edição
Melhor brasileira colocada na edição anterior da prova, Núbia de Oliveira afirmou que o aumento da participação feminina funciona como um estímulo adicional para sua performance. “A São Silvestre tem 100 anos de história e, nos últimos anos, vem aumentando muito o número de mulheres. Essa participação era proibida para nós [mulheres, no passado]. Foi só anos depois [a partir de 1975] que a mulher pôde participar [da São Silvestre]”, disse a atleta.
Segundo ela, o legado construído por mulheres ao longo dos anos tem efeito multiplicador. “Todas as mulheres que participaram da São Silvestre, e as que foram campeãs, me motivam e me inspiram, assim como a gente também, que agora está nesse cenário, motivamos outras mulheres a estarem participando [da prova]”, acrescentou.
Núbia também destacou o simbolismo da corrida no processo de superação feminina. “Então esse é um momento onde a mulher se reencontra e onde vencemos os nossos desafios, porque a gente não tem limite. A gente que impõe os nossos limites, e a corrida mostra isso: superação e determinação a todo momento”, afirmou.
Histórias de transformação pelo esporte
A brasileira Jeane dos Santos também ressaltou a importância da corrida em sua trajetória pessoal. “Não esperava hoje estar participando da centésima São Silvestre. E hoje eu me vejo nesse cenário lindo, que me tirou da depressão e de uma crise de ansiedade”, relatou.
Ela contou que se tornou referência em sua cidade natal, Santo Antônio de Jesus, na Bahia. “Na minha cidade, que é Santo Antônio de Jesus, na Bahia, eu sou referência para todas mulheres. Muitas mulheres mandam mensagem para mim dizendo que começaram a correr através de mim”, disse.
Para Jeane, a corrida representa liberdade. “Hoje a corrida é uma libertação para nós, mulheres. Quando eu começo a correr ou vou treinar, esqueço do mundo, esqueço de tudo e me sinto livre. É o que nós, mulheres, temos que sentir: sermos livres”, completou.
Desafio contra o domínio africano
Apesar da confiança, as atletas brasileiras reconhecem a dificuldade de romper o jejum de vitórias do Brasil na prova feminina, que dura desde 2006. Desde 2016, atletas quenianas têm dominado o pódio. Uma das favoritas é Cynthia Chemweno, segunda colocada no ano passado. “Estou muito orgulhosa de representar o meu país e amanhã eu vou voar”, afirmou. Ela também elogiou o clima da prova: “Correr no Brasil é muito bacana porque as pessoas, durante o percurso, ficam saudando os atletas. Isso traz muita alegria e me sinto muito bem correndo aqui”.
A tanzaniana Sisilia Ginoka Panga, que corre pela primeira vez no Brasil, também demonstrou confiança. “Me preparei bem nesse período e, com certeza, vou fazer uma boa corrida”, disse.
Estratégias em debate no masculino
No masculino, o último brasileiro campeão foi Marilson Gomes dos Santos, em 2010. Desde então, atletas africanos concentram as vitórias. Para Johnatas Cruz, melhor brasileiro nas duas últimas edições, a diferença está no modelo de preparação. “Eu acredito que isso será um divisor de águas para também a gente começar a não só ganhar São Silvestre, mas ganhar outras competições de nível como a São Silvestre é no Brasil. Correr em grupo é muito importante”, afirmou.
Ele defendeu maior cooperação entre atletas nacionais. “O máximo possível que a gente puder ajudar um ou outro no decorrer do percurso, isso ajudaria muito mais do que correr individualmente e cada um traçar a sua estratégia”, completou.
Wendell Jerônimo Souza concordou com a avaliação. “É muito importante ter um grupo, no início da prova, mais cadenciado de brasileiros. E no mesmo ritmo, de preferência”, disse, lembrando as variações do percurso.
O queniano Wilson Maina destacou a união como fator decisivo. “O segredo dos africanos hoje em dia é treinar juntos e ter amor [pelo seu companheiro de corrida]”, explicou. Joseph Panga, da Tanzânia, reforçou: “O mais importante, dentro do treinamento, é existir amizade entre os atletas”.
Percurso e horários da prova
A centésima Corrida Internacional de São Silvestre acontece na manhã desta quarta-feira (31), encerrando o calendário esportivo brasileiro. A largada da categoria Cadeirantes está marcada para 7h25, seguida pela Elite feminina às 7h40. Às 8h05, largam a Elite masculina, atletas com deficiência e o Pelotão Premium. O percurso mantém os tradicionais 15 quilômetros, com largada na Avenida Paulista, subida pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio e chegada em frente à Fundação Cásper Líbero, também na Paulista.



