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Financeira ligada a Zema movimentou R$ 200 mi em consignados e vira alvo da CPMI do INSS

Empresa da família do governador é investigada por suposto favorecimento em operações de crédito consignado

Romeu Zema. Foto: Divulgação

247 - A Zema Financeira, empresa da família do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tornou-se foco da CPMI do INSS após movimentar R$ 200 milhões em empréstimos consignados ao longo dos últimos cinco anos. As informações foram reveladas pelo Metrópoles, que obteve os dados via Lei de Acesso à Informação (LAI).

A comissão aprovou, na quinta-feira (4), a convocação do governador mineiro em votação simbólica. Zema tentava evitar a agenda alegando ter deixado a administração da empresa em 2018, antes de assumir o Executivo estadual.

A Zema Financeira firmou acordo com o INSS em 2020, ainda durante o governo Jair Bolsonaro (PL), para ofertar crédito consignado. Desde então, acumulou uma carteira de 69 mil contratos, com crescimento expressivo em 2023 — primeiro ano do governo Lula (PT) — quando os empréstimos saltaram de 11 mil para 68 mil, conforme números do INSS. Os repasses mensais à instituição chegaram a aproximadamente R$ 6 milhões.

O aumento da atuação da financeira acendeu o alerta da CPMI porque a empresa teria sido beneficiada por uma medida provisória que autorizou o uso do Auxílio Brasil como garantia na contratação de consignados. O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG). No requerimento, o parlamentar destacou: “É imprescindível a convocação do senhor Romeu Zema Neto para prestar esclarecimentos acerca da atuação da instituição na oferta de produtos financeiros a aposentados e pensionistas, incluindo o crédito consignado”.

Reações e defesa do governador

Parlamentares da oposição e do partido Novo reagiram à convocação afirmando que se trataria de uma “perseguição”, mas votaram a favor sob o argumento de que Zema “não tem o que esconder”. Antes da deliberação, a defesa do governador encaminhou uma carta à CPMI, conforme relatado pela coluna de Paulo Cappelli, também do Metrópoles.

No documento, os advogados afirmaram que o pedido de convocação possui motivações político-eleitorais e reiteraram que Zema não participa da administração da companhia desde 22 de outubro de 2018. O afastamento teria sido formalizado em ata de assembleia-geral extraordinária arquivada na Junta Comercial de Minas Gerais. Outro documento enviado à CPI indica que ele possui 16% das ações ordinárias, enquanto o restante do capital social estaria distribuído entre familiares.

Última sessão do ano e próximos passos

A sessão de quinta-feira marcou o encerramento dos trabalhos da CPMI em 2025. Embora o prazo oficial vá até março, o presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que solicitará a prorrogação por mais 60 dias. A decisão final caberá ao presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), que, meses antes, negou a extensão da CPI das Bets.

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