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MPRJ fará perícia independente após massacre no Rio

Após a maior chacina já registrada em uma ação policial na história do Rio de Janeiro, MPRJ realiza perícia independente nos corpos das vítimas

Rio de Janeiro (RJ), 29/10/2025 - Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, após ação policial da Operação Contenção. (Foto: Eusébio Gomes/TV Brasil)

247 - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) anunciou o envio de técnicos ao Instituto Médico-Legal (IML) para conduzir uma perícia independente nos corpos das vítimas da megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense.

Moradores da Penha levaram cerca de 60 corpos à Praça de São Lucas, durante a madrugada desta quarta-feira (29). Segundo o Metrópoles, o MPRJ informou, em nota, que “técnicos periciais foram enviados ao Instituto Médico-Legal (IML) para a realização de perícia independente, em conformidade com suas atribuições legais”. O órgão ressaltou que o caso está sob análise da 5ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro.

Operação mais letal da história do estado

A ação, considerada a mais violenta e letal já registrada no Rio, deixou, segundo dados oficiais, 64 mortos até o momento, sendo quatro policiais, e 81 suspeitos presos. Aproximadamente 2.500 agentes das polícias Civil e Militar participaram da chamada Operação Contenção, cujo objetivo era desarticular a estrutura do Comando Vermelho (CV), principal facção do tráfico de drogas no estado.

O confronto ocorreu em uma área de mata entre os complexos do Alemão e da Penha. Segundo a reportagem, testemunhas relataram que muitos dos corpos apresentavam marcas de tiros e ferimentos por faca, e foram enfileirados na Praça de São Lucas, onde familiares tentavam reconhecer as vítimas diante da ausência de informações oficiais.

Desespero e improviso nas comunidades

Diante da demora no recolhimento dos corpos, moradores usaram uma Kombi para transportar os cadáveres ao Hospital Estadual Getúlio Vargas. As cenas, descritas por testemunhas, mostravam lençóis improvisados cobrindo as vítimas, cercadas por parentes e amigos em meio ao desespero.

Arsenal apreendido e fuga de criminosos

Durante a operação, foram apreendidas mais de 90 armas, entre elas fuzis de guerra e rádios comunicadores, além de 200 quilos de drogas. Mesmo com o cerco policial, parte dos criminosos conseguiu escapar por túneis e passagens subterrâneas entre casas e muros — estratégia semelhante à usada na invasão ao Complexo do Alemão em 2010.

Quatro policiais entre os mortos

Entre as vítimas estão os policiais Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, comissário da 53ª DP; Rodrigo Velloso Cabral, da 39ª DP; e os militares Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca, ambos do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais).

Acompanhamento do Ministério Público

O MPRJ afirmou que continuará acompanhando “de forma rigorosa e independente” os desdobramentos da operação, buscando esclarecer as circunstâncias das mortes e eventuais excessos cometidos pelas forças de segurança.

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