PF faz novas buscas contra Rodrigo Bacellar no Rio
Operação Unha e Carne 2 mira deputado licenciado e apura vazamento de informações que teriam beneficiado o Comando Vermelho
247 - A Polícia Federal realizou, na manhã desta terça-feira (16), uma nova fase da Operação Unha e Carne, com foco em buscas contra o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A ação aprofunda a apuração sobre o vazamento de informações sigilosas que teriam favorecido integrantes da facção criminosa Comando Vermelho e suas conexões com agentes públicos, informa o Metrópoles.
Ao todo, os agentes cumpriram um mandado de prisão e dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além da capital fluminense, há diligências em endereços no Espírito Santo.
Rodrigo Bacellar volta ao centro das investigações após ter sido preso na primeira fase da Operação Unha e Carne. Na ocasião, ele acabou sendo solto por decisão do plenário da Alerj, passando a responder em liberdade, com o uso de tornozeleira eletrônica. Mesmo fora do cargo, o parlamentar licenciado permanece sob investigação da PF, que busca aprofundar o rastreamento de eventuais vínculos com o esquema criminoso apurado.
A operação também resultou na prisão do desembargador Macário Ramos Judice Neto, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Ele é o relator do processo envolvendo Thiaho Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, apontado como ligado ao Comando Vermelho. Judice Neto foi detido e levado para a sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
A trajetória do desembargador é marcada por controvérsias. Em 2005, ele foi afastado da magistratura por decisão do TRF-2, após denúncias do Ministério Público Federal relacionadas à suposta participação em um esquema de venda de sentenças no Espírito Santo. Após 17 anos afastado, Judice Neto retornou à carreira e foi promovido a desembargador em 2023.
Outro ponto levantado pela investigação envolve Flávia Judice, esposa do magistrado, que atuava no gabinete da diretoria-geral da Alerj até o início do mês passado, período em que a apuração contra o ex-deputado estadual já estava em andamento.
A nova ofensiva da Polícia Federal está alinhada às determinações do STF no julgamento da ADPF 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas. A decisão estabeleceu, entre outras medidas, que a PF conduzisse investigações sobre a atuação de grupos criminosos violentos no estado do Rio de Janeiro e suas possíveis ligações com agentes públicos, ampliando o alcance das apurações em curso.


