Bacellar opta por licença e renúncia segue indefinida
Presidente afastado da Alerj adia renúncia por temor de reação do STF e eleva tensão política no Legislativo fluminense
247 - O presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), decidiu, nesta quarta-feira (10), solicitar licença de seu mandato como deputado estadual. Segundo o jornal O Globo, o pedido deve ser publicado ainda hoje em edição extra do Diário Oficial da Casa.
De acordo com parlamentares próximos ao deputado, a licença foi adotada como manobra para evitar um movimento considerado arriscado: a renúncia imediata à presidência da Alerj. Aliados afirmam que Bacellar recebeu orientação para não renunciar neste momento, por temer que o gesto provocasse uma reação mais dura do ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) da investigação que levou à sua prisão na semana passada.
Estratégia muda após temor de reação do STF
A avaliação entre deputados é que uma renúncia súbita poderia ser interpretada como tentativa de interferência no curso do processo conduzido pelo STF. A leitura predominante é de que qualquer passo brusco no comando da Alerj pode gerar consequências jurídicas imprevisíveis. O painel do plenário já exibe Bacellar como “licenciado”, em meio a uma sessão com 36 ausentes, reflexo do clima de instabilidade no Legislativo fluminense.
Inicialmente, aliados discutiam a renúncia como forma de permitir nova eleição e manter influência sobre a sucessão. Contudo, o plano perdeu força diante da possibilidade de novas medidas judiciais contra o presidente afastado, incluindo eventual endurecimento das cautelares já determinadas pelo Supremo.
Prisão e investigação reforçam cautela entre aliados
Bacellar foi preso em 3 de dezembro, após determinação de Alexandre de Moraes, sob suspeita de envolvimento no vazamento de informações sigilosas relacionadas à prisão do ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, em setembro. A Polícia Federal afirma que o vazamento teria prejudicado apurações ligadas à Operação Zargunq, que investiga conexões do ex-parlamentar com o Comando Vermelho. Trocas de mensagens entre Bacellar e TH Jóias foram apresentadas como indícios pela investigação.
A decisão pela licença, segundo deputados próximos, oferece uma saída temporária para reduzir tensões jurídicas e políticas, embora não solucione o impasse central: a disputa pela presidência da Alerj.
Sucessão permanece aberta e aumenta as pressões internas
No ambiente interno da Assembleia, a indefinição persiste. Aliados e rivais monitoram cada movimento, enquanto a sucessão continua em aberto. A avaliação é que qualquer ação fora das normas institucionais pode ser interpretada como afronta ao STF, aumentando o risco de novos desdobramentos judiciais.



