Polícia apreende esmeraldas e mais de R$ 2 milhões em operação que teve grupo Refit como alvo
Operação investiga fraudes bilionárias no setor de combustíveis e ocultação de patrimônio no exterior
247 - A força-tarefa da Operação Poço de Lobato, deflagrada nesta quinta-feira (27), apreendeu mais de R$ 2 milhões em espécie e diversos sacos com esmeraldas brutas. As pedras, segundo o g1, foram encontradas em uma empresa de Campinas, no interior paulista, e cada pacote foi avaliado em cerca de R$ 11 mil. As equipes cumpriram mandados de busca e apreensão contra 190 pessoas e empresas suspeitas de integrar um esquema bilionário de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro ligado ao Grupo Refit, antiga Refinaria de Manguinhos, sediada no Rio de Janeiro.
Rede investigada atuava em vários estados
A força-tarefa mobilizou promotores de Justiça, auditores fiscais e policiais civis e militares, com ações simultâneas no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Segundo a Receita Federal, o grupo movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano, usando empresas próprias, fundos de investimento e estruturas offshore para ocultar lucros.
A investigação identificou uma rede dividida em núcleos internacional, jurídico e tecnológico, além de fintechs, bancos, distribuidoras e postos de combustíveis. O objetivo, segundo os responsáveis pela apuração, seria beneficiar um núcleo familiar. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados porque o processo corre sob sigilo.
Em entrevista à imprensa, o promotor de Justiça Alexandre Castilho declaro que “não foi detectada a presença da atuação de facções”.
Fraudes começaram na importação de combustíveis
Ainda de acordo com a reportagem, a Receita Federal apontou que as irregularidades surgiam já na importação, quando gasolina era registrada como outros derivados com taxação menor. Entre 2020 e 2025, mais de R$ 32 bilhões em combustíveis foram importados pelos investigados.
A Operação Cadeia de Carbono havia retido quatro navios da Refit, com 180 milhões de litros de combustível. Após essa ação, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) interditou a refinaria ao constatar ausência de comprovação de refino, suspeita de importação com documentação irregular e uso de aditivos químicos não autorizados.
Irregularidades se estendiam à cadeia produtiva
A Receita também identificou fraudes em outras etapas da cadeia do combustível. Formuladoras, distribuidoras e postos teriam valores sonegados, segundo os auditores. O lucro obtido era direcionado a negócios, imóveis e fundos de investimento, muitos deles registrados em paraísos fiscais, como o estado americano de Delaware.
Inicialmente, foram encontrados 17 fundos ligados ao grupo, que somavam R$ 8 bilhões em patrimônio líquido. O número, porém, chegou a cerca de 50. Em nota, a Receita afirmou que “em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, geralmente outro fundo, criando camadas de ocultação”.
Estrutura interinstitucional da operação
A ofensiva foi coordenada pelo Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira-SP) e contou com a participação da Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, secretarias estadual e municipal da Fazenda, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Procuradoria-Geral do Estado e as polícias Civil e Militar.
O que diz a Refit
A empresa não respondeu aos questionamentos nesta quinta-feira. Em setembro, porém, divulgou uma nota sobre a interdição de suas atividades no Rio de Janeiro. “Foi com surpresa e indignação que a Refit recebeu a notícia da interdição das atividades da sua refinaria localizada no Rio de Janeiro”, afirmou.
O comunicado destacou que a companhia "jamais atuou ou opera como empresa de fachada para atividades ilegais", ressaltando que emprega 2.500 funcionários e possui certificação ISO 9001:2015. Também reiterou que apresentará, assim que tiver acesso à notificação completa, os documentos que comprovariam o atendimento às exigências da ANP. A empresa declarou ainda que “a Refit também não medirá esforços para reverter a decisão arbitrária de suspensão de suas operações”.



