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Entre documentos e delações, PF foi atrás de 'caixa amarela' na 13ª Vara de Curitiba

Toffoli determinou que caixa citada por Tony Garcia fosse recolhida pela Polícia Federal na operação de quarta-feira (3)

Tony Garcia e Sergio Moro (Foto: Reprodução/TV 247 | Roque de Sá/Agência Senado)

247 - A busca e apreensão realizada na quarta-feira (3) na 13ª Vara Federal de Curitiba tinha um objetivo peculiar mencionado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Daniela Lima, do UOL, Toffoli determinou que a Polícia Federal recolhesse documentos, delações, inquéritos e “caixas e afins — em especial a caixa de arquivo amarela relativa aos autos de 2008”.

Essa caixa específica tornou-se peça central da apuração conduzida no Supremo Tribunal Federal. Pessoas envolvidas na investigação afirmam que o ex-deputado estadual Tony Garcia descreveu o material como repositório de vídeos e escutas ambientais que ele próprio teria produzido a mando do então juiz Sergio Moro e de procuradores do Paraná.

Nos depoimentos prestados à Polícia Federal, Garcia declarou que registrou conversas e situações envolvendo magistrados e membros do Tribunal de Contas do Paraná. Ele afirmou ainda que parte do conteúdo tinha caráter íntimo. As gravações começaram após Garcia firmar, em 2006, um acordo de delação premiada com Moro, quando havia sido preso por suspeita de envolvimento em um esquema de desvios no Consórcio Garibaldi.

O ex-parlamentar relatou que, para manter o acordo, chegou a infiltrar um policial federal em seu próprio escritório, além de instalar escutas ambientais e orientar agentes a interceptarem números telefônicos ligados aos alvos das chamadas “missões”. Segundo ele, essas tarefas foram formalizadas por escrito. O termo de colaboração permaneceu sob sigilo por quase duas décadas, até que Garcia levou ao STF sua contestação contra a atuação de Moro e dos procuradores que mais tarde integrariam a Operação Lava Jato.

Hoje senador, Sérgio Moro negou ao UOL que as afirmações de Garcia tenham fundamento. Questionado sobre a operação na vara que comandou, respondeu: "a defesa do senador Sergio Moro não teve acesso aos autos do inquérito, instaurado com base em um relato fantasioso de Tony Garcia. Não houve qualquer irregularidade no processo de quase 20 anos atrás que levou à condenação de Tony Garcia por ter se apropriado de recursos de consorciados do Consórcio Garibaldi". 

Moro acrescentou ainda que entende ser inadequado que o caso esteja no âmbito do Supremo Tribunal Federal, "como o próprio PGR afirmou". "O senador não tem qualquer preocupação com o amplo acesso pelo STF aos processos que atuou como juiz. Essas diligências apenas confirmarão que os relatos de Tony Garcia são mentirosos", alega a defesa.

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