Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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Com boom digital, Índia acelera e redesenha a economia do Indo-Pacífico

Economia digital da Índia cresce ao dobro do ritmo do PIB e impulsiona transformação econômica na região

Ahmedabad, Índia - 15 de maio de 2025 - Alunos do Adani Vidya Mandir Ahmedabad (AVMA) estudam em um laboratório de informática. A AVMA, voltada a alunos em situação financeira vulnerável, registrou uma taxa de aprovação de 100% nos rankings (Foto: ANI)

247 - A economia digital da Índia está se expandindo a quase o dobro do ritmo do PIB nacional, evidenciando a rápida transição para um crescimento impulsionado pela tecnologia em toda a região Ásia-Pacífico, segundo relatório divulgado pelo India Exim Bank (Banco de Exportação e Importação da Índia), na quarta-feira (3). A reportagem é da agência ANI

O estudo destaca que a transformação digital se tornou um dos mais poderosos motores de crescimento econômico na região. “A transformação digital está emergindo como um dos principais impulsionadores do crescimento na Ásia-Pacífico, com a economia digital da Índia, entre outras, avançando a quase o dobro da velocidade do PIB geral”, afirma o relatório.

O relatório também destaca o desenvolvimento de ecossistemas vibrantes de comércio eletrônico, com empresas como Rakuten (Japão), Alibaba Group (China), Flipkart (Índia) e GoTo Group (Indonésia) se tornando gigantes regionais que agora rivalizam com players globais como Amazon e Walmart.

Segundo o India Exim Bank, à medida que as estruturas econômicas globais passam por mudanças aceleradas, a região Ásia-Pacífico vive um momento decisivo. Para os países da região, adaptar-se às tendências emergentes e posicionar-se estrategicamente será fundamental para aproveitar futuras oportunidades.

A pesquisa aponta que, embora o mundo vivencie um desaquecimento na integração econômica, a Ásia-Pacífico segue no caminho oposto. O comércio intrarregional cresceu 43% nas últimas quatro décadas e, hoje, mais da metade do comércio total da Ásia ocorre dentro da própria região. Tendência semelhante é registrada no investimento estrangeiro direto (IED), com economias asiáticas investindo cada vez mais nos mercados umas das outras.

Apesar disso, o relatório alerta que a integração das cadeias de suprimentos na região ainda enfrenta desafios devido à fragmentação, diferenças regulatórias e riscos de concentração. Ele recomenda reformas focadas em harmonização regulatória, digitalização e fortalecimento de instrumentos financeiros para melhorar a resiliência das cadeias.

O estudo ressalta também que fortalecer a infraestrutura regional é essencial para sustentar cadeias de suprimentos integradas e robustas. Destaca a necessidade de redes de transporte interoperáveis que conectem portos, ferrovias e centros logísticos terrestres. Investimentos coordenados, regulamentações alinhadas e financiamento sustentável são apontados como pilares para desenvolver uma infraestrutura capaz de apoiar uma integração econômica duradoura e inclusiva.

O relatório afirma ainda que, embora a manufatura tenha sido central na ascensão econômica da Ásia-Pacífico, a transição global em direção ao setor de serviços está redefinindo os padrões de crescimento. Para acompanhar essa mudança, governos devem investir em educação e qualificação profissional voltada ao setor de serviços, aprimorar marcos regulatórios e incentivar a inovação na oferta de serviços. Infraestrutura digital avançada e acordos transfronteiriços também serão fundamentais para liberar o potencial de crescimento baseado em serviços.

A transformação digital deve se acelerar ainda mais com a adoção crescente de inteligência artificial (IA), capaz de aumentar produtividade, eficiência e competitividade em diversos setores.

O relatório destaca o sucesso da Índia na construção de uma robusta Infraestrutura Pública Digital — como Aadhaar (identidade), UPI (pagamentos em tempo real) e ONDC (plataforma aberta de e-commerce) — e afirma que esses modelos podem ser compartilhados com outros países da região Ásia-Pacífico.

O documento conclui que o futuro do crescimento no Indo-Pacífico dependerá fortemente da prontidão digital, da cooperação regional e da capacidade de integrar serviços, tecnologia e infraestrutura em uma estratégia unificada de desenvolvimento.

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