Agro deve exportar recorde de US$ 170 bilhões apesar de tarifaço
De acordo com a Abrafrigo, as exportações totais formaram uma receita recorde nos primeiros dez meses do ano
247 - O agronegócio brasileiro vive um dos momentos mais expressivos dos últimos anos e deve alcançar receita recorde, mesmo sob o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. As projeções indicam que as vendas externas podem atingir US$ 170 bilhões em 2025, impulsionadas pela forte demanda de mercados asiáticos e latino-americanos.
Segundo a coluna Vai e Vem das Commodities, da Folha de S. Paulo, no período de três meses em que as tarifas estadunidenses estiveram em vigor, o Brasil embarcou ao exterior US$ 44,7 bilhões em mercadorias, alta de 5,4% em relação ao mesmo intervalo de 2024. No entanto, as exportações destinadas aos Estados Unidos recuaram para US$ 2,2 bilhões, queda de 28%.
Café enfrenta retração global, mas receita sobe com preços elevados
Entre os principais produtos da pauta do agronegócio, o café passa por um cenário de retração entre os grandes compradores. Os Estados Unidos reduziram em 40% as aquisições no trimestre analisado, somando 56,6 mil toneladas. Entre os demais grandes mercados, apenas o Japão manteve o ritmo de compras.
A Alemanha diminuiu as importações em 37%, a Itália em 29%, a Bélgica em 46% e a Espanha em 26%. A antecipação de compras no segundo semestre de 2024, motivada por incertezas climáticas no Brasil e no Vietnã e pelo risco da implementação da lei anti desmatamento da União Europeia, contribuiu para a queda.
Apesar da redução do volume, os preços internacionais sustentaram o faturamento. Segundo a Secex, entre janeiro e outubro o Brasil exportou 1,93 milhão de toneladas, 19% a menos que em 2024, mas com receita de US$ 12,9 bilhões — aumento de 32%.
Mercados alternativos impulsionam as vendas de café
A estratégia de diversificação abriu espaço em países produtores que também abastecem os EUA. A Colômbia ampliou suas compras em 394%, o México em 68% e a China em 167%, reflexo do aumento do consumo local.
A redução parcial das tarifas pelos Estados Unidos foi pressionada pela inflação interna: o consumidor estadunidense paga hoje 19% mais pelo café que há um ano. No Brasil, entretanto, a alta acumulada chega a 59%, tornando o impacto mais pesado no orçamento das famílias.
Carne bovina avança no mercado global apesar do tarifaço
Enquanto o café enfrenta retração, a carne bovina segue trajetória oposta. As compras dos Estados Unidos despencaram 55% entre agosto e outubro, somando 32 mil toneladas. Ainda assim, o desempenho internacional da proteína cresceu com força.
No período, o Brasil exportou 995 mil toneladas, crescimento de 20% em relação ao ano anterior. A China elevou as aquisições em 33%, o México em 131%, a Itália em 89%, a Rússia em 42% e o Chile em 21%.
México se consolida como rota estratégica
O México tem se destacado como importante elo entre Brasil e Estados Unidos, ampliando simultaneamente as compras de café e carne bovina. Mesmo com tarifas elevadas, empresas americanas seguem se ajustando ao cenário e voltaram a elevar as importações: no mês passado, as compras de café subiram 16% em relação à média de agosto e setembro, enquanto a carne avançou 35%.


