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      China antecipa compras de soja brasileira em volume atípico após nova escalada da guerra comercial contra os EUA

      Importadores chineses adquiriram 2,4 milhões de toneladas em poucos dias, temendo impacto das tarifas de Donald Trump sobre produtos agrícolas dos EUA

      Soja 12/07/2024 (Foto: REUTERS/Cesar Olmedo)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China, liderada pelo presidente norte-americano Donald Trump, provocou um movimento atípico no comércio global de soja. De acordo com informações da agência Bloomberg, processadores chineses compraram cerca de 2,4 milhões de toneladas do grão brasileiro em uma única semana, o equivalente a 40 cargas de navio — quase um terço da média mensal processada pela China.

      As aquisições ocorreram principalmente na primeira metade da semana e foram confirmadas por fontes com conhecimento das operações, sob condição de anonimato. Segundo os relatos, os embarques estão programados para os meses de maio, junho e julho. O volume expressivo surpreendeu o mercado pela velocidade e pela concentração das compras, impulsionadas pela recente queda dos preços da soja brasileira após meses de alta.

      Soja dos EUA sob ataque tarifário - O fator central para essa guinada comercial é a escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Nesta semana, Trump anunciou o aumento das tarifas sobre produtos chineses para 145%. Em resposta, Pequim comunicou que retaliará com tarifas de até 125%. Diante desse cenário de incerteza, os importadores chineses passaram a evitar a soja americana, tradicionalmente um dos principais itens agrícolas exportados pelos EUA para a China.

      Ainda que nos últimos anos a China tenha diversificado seus fornecedores, privilegiando a soja brasileira, os Estados Unidos continuam sendo um parceiro agrícola estratégico — especialmente no segundo semestre, quando começa a colheita norte-americana. O temor, agora, é que as tensões comerciais comprometam a oferta global no fim do ano.

      Margens favoráveis e movimentações estratégicas - Além das questões tarifárias, o aumento recente no preço do farelo de soja também contribuiu para tornar mais atrativo o processamento doméstico do grão, incentivando as compras em larga escala. As margens de lucro para os processadores chineses melhoraram, o que aumentou o apetite por contratos antecipados.

      As empresas privadas da China têm evitado grãos dos EUA há meses, em razão dos riscos geopolíticos. No entanto, a estatal chinesa responsável pelos estoques estratégicos ainda manteve operações pontuais com os americanos, buscando garantir suprimentos antes da posse de Donald Trump, ocorrida em janeiro.

      Cenário incerto para o segundo semestre - Apesar do atual volume de compras do Brasil, analistas alertam que o mercado pode enfrentar escassez a partir do quarto trimestre. Tradicionalmente, é nesse período que a China volta a se abastecer com a nova safra norte-americana. Caso as tarifas permaneçam em vigor e os preços brasileiros voltem a subir, o custo da soja pode tornar-se um fator crítico para o planejamento chinês.

      Assim, os processadores do país devem manter atenção redobrada às oscilações do mercado, aproveitando momentos de queda para realizar novas aquisições. A guerra comercial, longe de dar sinais de trégua, segue como fator determinante para o comércio global de alimentos.

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