HOME > Agro

Safra brasileira de 2026 deverá ser menor que a de 2025

Segundo o IBGE, previsão aponta queda de 3% na produção nacional, influenciada especialmente pela redução no milho, arroz, sorgo e algodão

Safra brasileira de 2026 deverá ser menor que a de 2025 (Foto: Reuters/Enrique Marcarian)

247 - A produção agrícola brasileira deve encolher em 2026 após um ciclo excepcional em 2025, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). De acordo com dados divulgados pelo IBGE, a projeção para o próximo ano indica 335,7 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, montante 3% inferior ao registrado em 2025.

A estimativa mostra que o país deve colher 10,2 milhões de toneladas a menos em relação ao desempenho robusto deste ano, marcado por condições climáticas excepcionalmente favoráveis. A base elevada de comparação é apontada como principal fator para o recuo.

O gerente do LSPA, Carlos Barradas, explica que “a queda projetada para a safra de 2026, em relação à de 2025, ocorre, principalmente, porque a base de comparação deste ano é excepcionalmente elevada. As condições climáticas favoreceram fortemente o desempenho tanto da 1ª quanto da 2ª safra, um cenário que não deve se repetir no próximo ano”.

Entre as culturas que puxam a redução estão o milho, com retração prevista de 6,8% (menos 9,6 milhões de toneladas), o sorgo (-14,6%), o arroz (-8%), o algodão herbáceo em caroço (-11,6%) e o trigo (-4%). O feijão da primeira safra também apresenta declínio de 3,5%. Na contramão, a soja deve crescer 1%, adicionando 1,6 milhão de toneladas ao total.

A área total destinada ao plantio de grãos em 2026 está estimada em 82,3 milhões de hectares, aumento de 0,9% frente a 2025. Entre as culturas com expansão de área estão o milho da primeira safra e a soja. Já o algodão, o arroz e o feijão registram retração. Entre os estados, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Tocantins, Pará e Rondônia apresentam avanços na área cultivada, enquanto Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia e São Paulo figuram entre os que reduzem espaço produtivo.

Safra de 2025 se consolida como recorde histórico

A pesquisa também apresenta os números atualizados para 2025, que devem atingir 345,9 milhões de toneladas — o maior volume já registrado pelo IBGE. O avanço de 18,2% em relação a 2024 reflete condições climáticas mais favoráveis no ciclo atual, apesar das adversidades enfrentadas em estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Segundo Barradas, “apesar de problemas climáticos, como a escassez e a má distribuição das chuvas durante o principal período de cultivo, a safra de verão no Rio Grande do Sul e em algumas áreas do Mato Grosso do Sul e do Paraná, havendo queda na produção da soja em 2025, as condições climáticas favoreceram a safra deste ano, impulsionando esse aumento significativo”.

Os principais destaques positivos, na comparação anual, incluem o milho, que deve crescer 23,5%, a soja (+14,5%), o sorgo (+35,4%), o arroz (+18,8%) e o algodão (+11,5%). No feijão, há queda de 3%. A área colhida em 2025 também avança, chegando a 81,5 milhões de hectares — 3,1% a mais que em 2024.

Regiões e estados: dinâmica de produção

O Centro-Oeste mantém a liderança nacional em 2025, respondendo por 51,7% da produção de grãos. O Sul representa 25%, o Sudeste 8,9%, o Nordeste 8% e o Norte 6,4%. No ranking por estados, Mato Grosso se destaca com 32% da produção total, seguido pelo Paraná (13,5%), Goiás (11,2%), Rio Grande do Sul (9,4%), Mato Grosso do Sul (8,1%) e Minas Gerais (5,5%).

As maiores altas mensais de produção foram registradas no Paraná, Mato Grosso, Tocantins, Pará e Santa Catarina. Já as reduções mais significativas ocorreram na Paraíba, Piauí, Ceará e Distrito Federal.

Barradas também comenta o aumento na produção de sorgo em relação ao mês anterior: “O aumento na produção de sorgo ocorreu principalmente devido à expansão do plantio, motivada pelo receio de perdas no milho por questões climáticas. Muitos produtores que perdem a janela de plantio do milho optam pelo sorgo, por ele apresentar maior tolerância à falta de umidade no solo. Além disso, o bom volume de chuvas nas regiões produtoras também contribuiu para o crescimento da produção”.

Artigos Relacionados