EUA ampliam presença militar no Equador e elevam tensão na América Latina
Operação ocorre em meio a ações militares no Caribe e no Pacífico
247 - Os Estados Unidos iniciaram o envio de militares ao porto de Manta, no sudoeste do Equador, com a justificativa de desarticular rotas do narcotráfico em um dos corredores mais estratégicos da região. A operação ocorre em um território sensível do ponto de vista geopolítico, onde Washington manteve uma base militar até 2009, reforçando preocupações sobre soberania e ampliação da presença estrangeira na América Latina. As informações são da agência AFP.
A chegada das tropas acontece em paralelo a ações militares conduzidas pelos Estados Unidos no Caribe e no Pacífico. Desde setembro, essas operações contra embarcações que o Pentágono afirma estarem ligadas ao narcotráfico transnacional resultaram em pelo menos 95 mortes.
Operação militar em área estratégica do Pacífico
O presidente equatoriano, Daniel Noboa, aliado de Washington na região, afirmou em publicação na rede social X (antigo Twitter) que “esta operação permitirá identificar e desarticular as rotas do narcotráfico, e subjugar aqueles que acreditavam que poderiam tomar o país”. A declaração reforça a estratégia de endurecimento no combate ao crime organizado adotada por seu governo.
Em comunicado, a embaixada dos Estados Unidos informou ter dado as “boas-vindas” ao pessoal da Força Aérea estadunidense “para uma operação temporária com a Força Aérea do Equador em Manta”. A representação diplomática não divulgou o número de militares envolvidos nem o prazo de permanência no país. Segundo o texto, a ação prevê “o fortalecimento da compilação de informação e as capacidades de luta contra o narcotráfico, e é desenhada para proteger os Estados Unidos e o Equador frente às ameaças que compartilhamos”.
Apoio do governo equatoriano e reação interna
O Ministério da Defesa do Equador confirmou que aeronaves americanas chegaram recentemente ao país transportando “material de caráter militar”, sem detalhar o conteúdo. A movimentação ocorre semanas após a população rejeitar, em referendo realizado em novembro, o retorno de bases militares estrangeiras ao território equatoriano.
Na véspera da consulta, Noboa visitou áreas militares em Manta e no balneário de Salinas ao lado da secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem. Os locais chegaram a ser apontados como possíveis pontos para instalação de bases, o que intensificou o debate político interno.
Histórico da base americana em Manta
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador ocupa posição estratégica nas rotas do narcotráfico internacional. Durante uma década, os Estados Unidos mantiveram em Manta uma base da Força Aérea. Além de principal porto pesqueiro do país, a cidade é fundamental para o comércio exterior e historicamente associada a operações do tráfico.
Cooperação militar e apreensões de drogas
Desde 2023, Washington e Quito mantêm um acordo de cooperação militar. Com apoio da Marinha americana no Pacífico em 2025, o Equador apreendeu cerca de 210 toneladas de drogas até o momento neste ano, abaixo do recorde de 294 toneladas registrado em 2024.
Expansão da atuação dos EUA na região
A política de Daniel Noboa se alinha à de outros líderes de direita da região que mantêm proximidade com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defendem o apoio direto de Washington no combate ao crime organizado. Nesse contexto, Estados Unidos e Paraguai assinaram recentemente um acordo de segurança.
Na segunda-feira (14), os dois países formalizaram o chamado acordo sobre o Status das Forças. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o pacto consolida uma parceria já existente e elogiou o Paraguai como um dos “aliados mais fortes do mundo” de seu país e da região. Segundo ele, o acordo facilita operações conjuntas, treinamento e compartilhamento de informações em temas de segurança, respeitando a soberania nacional.



