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Maioria nos EUA rejeita intervenção militar na Venezuela

Nova pesquisa da CBS News/YouGov mostra descrédito nas políticas da Casa Branca e oposição contundente a ações bélicas contra Caracas

O navio de guerra USS Jason Dunham interceptou o navio "Carmen Rosa" na zona econômica exclusiva da Venezuela (Foto: Telesur)

247 - A rejeição da população dos Estados Unidos a uma intervenção militar na Venezuela atingiu um novo patamar, segundo dados divulgados pela CBS News/YouGov. O levantamento, mencionado originalmente pela Telesur nesta segunda-feira (24), revela uma opinião pública majoritariamente contrária às medidas defendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

De acordo com a pesquisa, 70% dos entrevistados se opõem a qualquer ação militar em território venezuelano. A sondagem, realizada entre 19 e 21 de novembro, com margem de erro de ±2,4 pontos percentuais, expõe ainda que 76% da população acredita que a Casa Branca falhou em esclarecer sua posição sobre a Venezuela, alimentando um clima de desconfiança que atravessa todas as correntes ideológicas.

A falta de transparência tem consequências diretas: três em cada quatro americanos defendem que o presidente deve obter autorização do Congresso antes de qualquer iniciativa militar. A percepção de ilegitimidade desse tipo de decisão é compartilhada inclusive por mais da metade dos republicanos, refletindo um cenário interno de fraturas políticas.

Divisões republicanas

O estudo mostra que a base republicana está longe de ser homogênea. Entre os eleitores alinhados ao movimento MAGA, 66% aprovam uma eventual intervenção. Já entre republicanos não vinculados ao MAGA, o quadro se inverte: 53% rejeitam uma ação militar, enquanto apenas 47% a apoiam. Esse contraste expõe os limites do discurso bélico dentro do próprio partido governista.

A pesquisa destaca que a ala MAGA permanece fiel ao presidente em temas de política externa, mas setores republicanos mais moderados demonstram fadiga diante de uma retórica que não dialoga com suas prioridades cotidianas.

Venezuela não é vista como ameaça

Os números também desmontam a narrativa oficial de Washington sobre Caracas. Apenas 13% consideram a Venezuela uma “ameaça maior” à segurança dos EUA. A maioria vê o país como uma “ameaça menor” (48%) ou simplesmente como “nenhuma ameaça” (39%).

Intervenção não resolveria o narcotráfico

Quando o tema é narcotráfico, o ceticismo aumenta. Para 56% dos entrevistados, uma intervenção não reduziria a entrada de drogas nos EUA. Outros 37% acreditam que haveria diminuição, e apenas 7% avaliam que o fluxo aumentaria.

As ações atuais também são questionadas. Ataques a barcos considerados suspeitos dividem a opinião: 53% aprovam e 47% desaprovam. Contudo, um consenso robusto aparece: 75% exigem que o governo apresente provas concretas de que essas embarcações transportavam drogas. 

Desconexão entre prioridades do governo e da população

Por trás da rejeição à política externa belicista há um fator recorrente: o descompasso entre o discurso econômico da Casa Branca e a realidade vivida pela população. Segundo a CBS News, muitos americanos — inclusive republicanos — avaliam o governo de acordo com sua gestão econômica e consideram que ele dedica pouca atenção aos temas que afetam diretamente o dia a dia das famílias.

A sondagem revela que a narrativa do governo Trump sobre o combate à inflação não encontra eco na experiência real dos cidadãos, que enfrentam preços em alta, perda do poder de compra e deterioração das condições econômicas.

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