'Não podemos duvidar de uma invasão terrestre dos EUA', alerta o MST da Venezuela
Coordenadora da Brigada Internacionalista Apolônio de Carvalho dos Sem-Terra, Rosana Fernandes também aposta na mobilização popular contra o governo Trump
247 - Coordenadora na Venezuela da Brigada Internacionalista Apolônio de Carvalho do MST, Rosana Fernandes afirmou que as ameaças do presidente norte-americano, Donald Trump, fazem parte de uma guerra psicológica contra os venezuelanos, mas não pode ser descartado o risco de ataque direto dos EUA.
“Os inimigos do povo são capazes de qualquer atitude para aniquilar as forças organizadas. A guerra psicológica é uma forma de pressionar a organização popular e política da Venezuela. Não podemos duvidar de uma invasão terrestre, para colocar à prova a resistência do povo venezuelano”, pontuou Rosana, conforme relatos publicados em matéria assinada por Pedro Pannunzio, no Brasil de Fato.
“Temos percebido que há uma preocupação, mas também que as pessoas estão com muita disposição, para continuar fazendo a sua vida cotidiana, para se preparar para uma possível ação direta. A disposição é perceptível a partir dos alistamentos voluntários realizados nos últimos meses.”
O presidente Trump disse na última quinta-feira (27) que ofensivas terrestres contra o país caribenho vão começar “em breve”. “Detivemos quase 85% [das drogas] por mar e também começaremos a detê-los por terra. Por terra é mais fácil, mas isso começará muito em breve”.
Entenda
Há pouco mais de três meses, o governo Donald Trump determinou o deslocamento de militares para regiões do Caribe e do Pacífico, em áreas próximas da América do Sul. A gestão do presidente dos EUA alegou ser necessário combater o narcoterrorismo.
Militares americanos bombardearam mais de 20 barcos, o que resultou em pelo menos 83 mortes. Cerca de 15 mil militares estão mobilizados em uma base em Porto Rico, na América Central, e em ao menos nove navios de guerra.
Contexto global
O presidente Donald Trump também informou a suspensão de todos os repasses à Colômbia, governada por Gustavo Petro, alegando o mesmo motivo utilizado pelos EUA para tentar violar a soberania venezuelana.
Em termos de política externa, Venezuela e Colômbia são governados por forças políticas que fazem frentes de resistência à hegemonia dos EUA na política global. Aproximação com a China, com o BRICS e com o Sul Global formam alianças que deixam o governo trumpista preocupado com o fato de o unilateralismo norte-americano estar cada vez mais em risco.
Outra questão para a relação delicada entre Venezuela e EUA é o petróleo. De acordo com número do site World Atlas, a Venezuela ficou em primeiro lugar entre os dez países com as maiores reservas de petróleo do mundo em 2024 (300,9 bilhões de barris), seguida por Arábia Saudita (266,5 bilhões de barris) e pelo Canadá (169,7 bilhões de barris).



