Paraguai assume presidência do Mercosul e alerta: 'acordo com União Europeia não pode esperar'
Chancelaria paraguaia diz que bloco foi paciente, mas alerta que tempo para acordo com a UE não é ilimitado
247 - O Paraguai assume neste sábado (20) a presidência rotativa do Mercosul em meio a um novo impasse nas negociações do acordo comercial com a União Europeia. Ao iniciar o comando do bloco, o governo paraguaio sinalizou disposição para manter o diálogo, mas deixou claro que a espera por uma definição europeia não pode se prolongar indefinidamente.
Segundo a CNN Brasil, durante a Cúpula do Mercosul, realizada na sexta-feira (19), o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, afirmou que o bloco sul-americano tem adotado uma postura paciente, mas que esse cenário não é permanente.
Recado direto na estreia da presidência paraguaia
“O Mercosul tem sido paciente e silencioso, aguardando o pleno cumprimento do que foi acordado. Reconheço o trabalho da presidência brasileira no diálogo fluido e contínuo com as autoridades e parlamentares, mas, ao mesmo tempo, queremos enfatizar que não há prazo infinito para se chegar a um acordo”, afirmou o chanceler paraguaio.
A expectativa inicial era de que o tratado fosse assinado neste sábado, mas o processo foi novamente adiado após objeções de países europeus, sobretudo Itália e França, que manifestaram preocupações com os impactos do acordo sobre seus setores agrícolas.
Resistências europeias travam assinatura do tratado
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, declarou que pretende dialogar com setores contrários ao acordo até janeiro. Segundo ela, esse esforço poderia abrir caminho para a assinatura do tratado no início de 2026.
O tema das salvaguardas agrícolas tem sido central nas discussões. Ramírez Lezcano afirmou confiar que os mecanismos de proteção serão aplicados de forma compatível com o texto negociado entre os blocos. “Os mecanismos de salvaguarda serão abordados e aplicados de forma compatível com o que foi negociado e acordado”, declarou.
Salvaguardas agrícolas no centro do impasse
O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu chegaram a um entendimento para incluir dispositivos que permitam suspender o acesso preferencial de produtos do Mercosul ao mercado europeu em determinadas circunstâncias, como quedas de preços ou aumento das importações acima de 8% em um período de três anos.
Reação dos chanceleres do Mercosul
O adiamento também foi alvo de manifestações de outros países do bloco. O chanceler do Uruguai, Mario Lubetkin, lamentou a frustração com o novo atraso. “Decepção por não podermos assinar o acordo neste sábado”, afirmou. “O Uruguai aguardará a conclusão dos procedimentos internos da União Europeia para que a Presidência Pro Tempore do Paraguai possa definir os passos concretos para a assinatura desejada.”
Já o chanceler argentino declarou que o país espera finalizar o processo “o mais breve possível” e avaliou que o adiamento pode servir como um momento de reflexão estratégica para o bloco. Segundo ele, o período pode ser “uma oportunidade para o Mercosul refletir sobre suas prioridades em termos de relações externas e de avançar em direção a esquemas bilaterais mais ágeis, orientados para a obtenção de resultados concretos”.



