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Parlamentares dos EUA tentam impedir intervenção militar na Venezuela

Bancada bipartidária pressiona para barrar ofensiva militar de Donald Trump contra a Venezuela

Porta-aviões USS Gerald Ford (Foto: Marinha dos EUA/Divulgação )

247 - Parlamentares democratas e republicanos nos Estados Unidos intensificaram a mobilização para impedir que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avance com uma ação militar na Venezuela. O movimento ganhou força em meio ao crescente aumento de tensões na região caribenha, marcado por operações militares e ameaças de novas ofensivas.

A Telesur informa que congressistas apresentaram resoluções para forçar uma votação no Legislativo e restringir qualquer iniciativa bélica de Trump contra o país sul-americano.

A articulação bipartidária responde à inquietação provocada pela Operação Lança do Sul, que envolve o destacamento de forças navais lideradas pelo porta-aviões USS Gerald Ford e, desde setembro, ao menos 22 ataques realizados por tropas norte-americanas no Mar do Caribe e no Pacífico Oriental. A movimentação militar também coincide com denúncias de mais de 80 execuções extrajudiciais sob o argumento de combate ao narcotráfico.

Entre os principais nomes envolvidos na oposição à ofensiva estão os democratas Tim Kaine, Chuck Schumer e Adam Schiff, além do republicano Rand Paul. Eles afirmam que uma intervenção na Venezuela representaria, nas palavras do grupo, “um erro colossal e custoso que colocaria desnecessariamente em risco a vida de nossos militares”. A declaração revela fissuras dentro do próprio partido governista e expõe o desconforto gerado pela escalada militar.

Na Câmara dos Representantes, os democratas Jim McGovern e Joaquin Castro, juntamente com o republicano Thomas Massie, apresentaram uma resolução paralela. A proposta reforça que não pode haver qualquer ato de guerra sem autorização prévia do Congresso, reafirmando o papel constitucional do Poder Legislativo nas decisões sobre o uso da força.

Diante da possibilidade de novos ataques, parlamentares reforçaram que recorrerão à chamada “Resolução sobre Poderes de Guerra” para abrir um debate e levar o assunto a votação, visando impedir que forças armadas sejam mobilizadas contra a Venezuela sem respaldo legal. A iniciativa ganha relevância em um momento de forte pressão militar sobre o governo de Nicolás Maduro, que tem denunciado a presença ostensiva das tropas norte-americanas no entorno do território venezuelano.

A intensificação da campanha militar ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inclui o anúncio de futuras operações terrestres contra supostos cartéis de drogas. As ações têm provocado críticas de governos estrangeiros e organizações internacionais, reacendendo discussões sobre a política externa de Washington e seus impactos na estabilidade regional.

O clima de apreensão já ultrapassou barreiras partidárias. Comissões do Congresso, inclusive com republicanos, anunciaram que investigam a atuação militar na Venezuela, o que evidencia a crescente preocupação com o risco de um conflito de grandes proporções. As divisões internas se tornaram ainda mais explícitas após a manifestação pública do líder democrata no Senado, Chuck Schumer.

Em mensagem publicada na rede X, Schumer afirmou: “Se a administração Trump segue adiante com seus planos de lançar ataques militares contra a Venezuela, apresentaremos uma Resolução de Poderes de Guerra para bloquear o desdobramento de forças norte-americanas na Venezuela. A segurança de nossas tropas e nossa segurança nacional estão em jogo”.

A aprovação de uma Resolução de Poderes de Guerra exige maioria simples na Câmara e no Senado. Entretanto, mesmo que aprovada, a medida pode ser vetada pelo atual presidente dos Estados Unidos, o que exigiria uma maioria de dois terços em ambas as Casas para derrubar o veto — um cenário difícil diante das atuais correlações de forças, nas quais os republicanos mantêm margens apertadas.

A ofensiva legislativa representa, assim, um freio institucional diante do aumento das tensões e reforça a disputa em torno dos rumos da política externa norte-americana no Caribe. A Venezuela, alvo direto da escalada militar, permanece no centro do debate internacional, enquanto cresce a pressão para que a crise não evolua para um confronto armado de maiores proporções.

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