Rússia e Venezuela ampliam parceria e criam estrutura alternativa às sanções
Com 19 novos acordos, países fortalecem cooperação tecnológica, militar e financeira diante da pressão do Ocidente
247 - A 19ª reunião da Comissão Intergovernamental de Alto Nível (CIAN) consolidou uma nova etapa da parceria entre Rússia e Venezuela, segundo informações divulgadas pela Sputnik Brasil. O encontro, realizado em novembro de 2025, foi descrito pelo governo venezuelano como decisivo para ampliar áreas estratégicas de cooperação.De acordo com a vice-presidenta Delcy Rodríguez, "em tempos difíceis, revelam-se os verdadeiros amigos", destacando que a relação bilateral se transformou em uma irmandade cada vez mais sólida.Foram assinados 19 acordos e anunciadas 42 novas iniciativas em dez setores, com destaque para tecnologia, finanças, defesa e segurança. O cientista político César José Ramos Cedeño lembrou que a cooperação já ultrapassa 300 acordos ao longo dos anos, demonstrando continuidade e expansão.
Diversificação estratégica e soberania tecnológica
Um dos pontos centrais da reunião foi a redução do peso do petróleo na agenda bilateral, pois apenas três dos novos acordos envolvem o setor. Para Cedeño, isso demonstra uma evolução da relação, agora voltada à construção de um espaço geoestratégico compartilhado, capaz de enfrentar sanções ocidentais por meio de uma arquitetura paralela financeira, logística e tecnológica.
Segundo o especialista, a Rússia busca consolidar a Venezuela como polo regional de conectividade segura, reforçando cooperação científica e inovação — objetivo evidenciado no Fórum Empresarial Rússia-Venezuela.
Defesa e modernização militar
Entre os pactos mais sensíveis está a “modernização técnica” das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB). Cedeño explicou que a medida vai além da compra de equipamentos, englobando manutenção, treinamento, atualizações, reposição de peças e doutrina militar. Essa integração pode levar à criação de um “escudo cibernético” e a sistemas avançados de alerta antecipado.
Desdolarização e independência operacional
A CIAN também prioriza mecanismos financeiros alternativos que permitam transações em rublos, bolívares ou moedas digitais, fortalecendo a descolonização financeira e reduzindo a exposição às sanções ocidentais. Projetos de conectividade aérea e marítima completam a estratégia, garantindo a circulação de bens e serviços.
Para Cedeño, essa arquitetura tem relevância que ultrapassa o eixo Caracas-Moscou, podendo servir de modelo para outros países que buscam reduzir dependência das instituições financeiras ocidentais.
A reunião reafirmou a aliança estratégica entre Rússia e Venezuela e apontou para uma cooperação cada vez mais diversificada, resiliente e voltada à construção de novos instrumentos de autonomia diante de pressões externas.



