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Juca Simonard

Jornalista, tradutor e professor de francês. Trabalhou como redator e editor do Diário Causa Operária entre 2018 e 2019. Auxiliar na edição de revistas, panfletos e jornais impressos do PCO, e também do jornal A Luta Contra o Golpe (tabloide unificado dos comitês pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro).

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Campanha da Folha "pela democracia" é uma enganação pela manutenção do golpe

A Folha não quer democracia, pois não teria apoiado o impeachment fraudulento contra Dilma e a prisão política de Lula. A democracia da Folha é apenas uma palavra para promover uma enganação política criminosa

Capa Folha de S. Paulo - 29.06.2020 (Foto: Reprodução)
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O jornal Folha de S. Paulo lançou esta semana a campanha “use amarelo pela democracia”. Para os mais desavisados, parece uma campanha do jornal paulista contra Jair Bolsonaro, uma vez que o fascista no poder e seus aliados têm ameaçado o País constantemente com um golpe militar para fechar o regime (“acabar com a democracia”).

Na realidade, a campanha do jornal é um movimento abstrato cujo objetivo é conter a mobilização do povo contra Bolsonaro e o regime golpista. Primeiro porque é uma propaganda abstrata em defesa da democracia, que em si já é uma definição abstrata, que dá margem gigantesca para uma política anti-povo.

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Segundo porque é uma campanha que busca acabar com a polarização política e, portanto, com a radicalização popular necessária para derrotar o golpismo. Isso pode ser visto através da campanha “use amarelo”. 

A luta política sempre cria suas simbologias. No Brasil, ficou marcado o uso do vermelho - cor histórica de luta da classe operária e do povo - pela esquerda, e o uso das cores da nação pelos coxinhas entreguistas, que querem o País na mão dos Estados Unidos. A política pelo uso do amarelo é que para que setores da direita “moderada” participem da luta política e desta forma a esquerda combativa seja obrigada a fazer concessões em nome da aliança (ou seja, além de não agregar, atrapalha).

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Com a campanha contra a polarização, surge a campanha por uma “frente ampla e democrática”, que teria de reunir lobos e galinhas, gatos e ratos, golpistas e trabalhadores. Para isso, é preciso atacar a ala combativa da esquerda ao mesmo tempo em que se faz propaganda para o setor “civilizado” dos neoliberais.

Desta forma, ao mesmo tempo em que a Folha promove inimigos históricos dos trabalhadores, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), PSDB e Ciro Gomes, ataca de maneira radical o chamado “lulopetismo”, que é o setor do PT com mais apoio popular, enquanto outros setores do mesmo partido e de outros partidos da esquerda são elogiados como “moderados”, “racionais” e assim por diante.

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Nesta campanha há três frente de combate. Duas ofensivas e uma defensiva. Defende-se a política de conciliação e a promoção de elementos da direita mais alinhados com a política financeira do imperialismo, como FHC e Doria. Mas ataca-se Lula e o setor que, assim como ele, é contra fazer aliança com bandidos políticos. Este setor reúne o PCO e uma parcela da base militante do PSOL e do PCdoB. Também ataca-se - de maneira muito mais controlada e pacífica - a ala “extremista” (ou, como diriam, ideológica) do governo Bolsonaro - quer dizer, enquanto se faz campanha pelos elementos supostamente “técnicos” do governo, como o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

Como já disse outras vezes, a frente ampla, na verdade, é pelo “Fica Bolsonaro”. Na realidade, a política “pela democracia” dos golpistas é favorável a ir desgastando o governo até 2022 para diminuir o apoio de Bolsonaro nas eleições e, assim, conseguir colocar no poder um candidato mais alinhado, com a mesma política do bolsonarismo, mas sem o empecilho da família e do olavismo, fatores de extrema crise política e instabilidade dentro do governo. Veja-se que a direita “civilizada” está com Bolsonaro na hora de aprovar as “reformas” trabalhista e previdenciária, a terceirização e a privatização do patrimônio nacional (lembrando que o porta-voz de Ciro, Cid Gomes votou a favor do projeto de Paulo Guedes e da Coca Cola pela privatização do saneamento).

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O interesse com a frente ampla é dar capital político para partidos totalmente falidos do ponto de vista político, como o PSDB, que perdeu a maioria do seu eleitorado para o bolsonarismo. Desta forma, a Folha, quando compara sua nova campanha, com a campanha pelas “Diretas Já”, na época da ditadura militar brasileira, está correta. Na época, também, contrários à ditadura se uniram com o setor “moderado” da ditadura, o que acabou favorecendo o MDB, que deu um golpe e articulou as eleições indiretas, mas tendo sua chapa, liderada por Tancredo Neves, apoiada por uma parte da esquerda.

Da mesma forma, a frente ampla proposta pela Folha e pelo resto da imprensa tem como objetivo dar capital político ao PSDB, a Ciro Gomes e outros bandidos que são defensores da máfia capitalista. Com o apoio de Flávio Dino, Marcelo Freixo, Fernando Haddad e Guilherme Boulos pretendem - ao mesmo tempo que usam um espantalho, que hoje é Bolsonaro, mas antes era Paulo Maluf - dar força ao novo governo que assumirá (se a maracutaia der certo) em 2023.

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O que permite que o PSDB até hoje se mantenha no governo em São Paulo foi o apoio do PT dado a Mário Covas, em nome de combater o espantalho Maluf e de Francisco Rossi (que também era visto como um homem da ditadura), nas eleições estaduais de 1994 e 1998. Consequência: o PSDB ficou oito anos no poder, assumindo um governo relativamente estável do ponto de vista da oposição, que o tinha apoiado, e aparelhou toda a máquina estatal de São Paulo. E agora, o partido reina no estado, que por muitos é conhecido como Tucanistão. O reino dos tucanos que promovem desde 1995 a política contra o povo e semi-fascista. Covas reprimiu brutalmente as greves de professores, assim como Geraldo Alckmin e João Doria.

Ou seja, com a campanha “democrática” da Folha, finalmente, o que pode acontecer é que a luta do povo para derrubar Bolsonaro seja implodida e se transforme em uma luta eleitoral para defender “qualquer um” menos Bolsonaro, ou seja, até o bolsonarista João Doria ou o neoliberal oligarquia Ciro Gomes. Qualquer que seja o governo eleito em 2022, se for apoiado pela esquerda (que deveria ser oposição ao golpe), ele chegará mais forte nos primeiros meses/anos do mandato, podendo realizar os mais brutais ataques neste período e desta forma promover um profundo retrocesso para os trabalhadores, suas organizações e a população, que estarão desmobilizados e desmoralizados pela campanha eleitoral da frente ampla. 

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A Folha não quer democracia, pois não teria apoiado o impeachment fraudulento contra Dilma e a prisão política de Lula. O que o jornal quer é o bolsonarismo sem Bolsonaro. A democracia da Folha é apenas uma palavra para promover uma enganação política criminosa para a manutenção do golpe.

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