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"Não existirá justiça climática sem justiça de gênero", diz Márcia Lopes

Ministra diz que enfrentamento à crise climática exige, necessariamente, a inclusão das perspectivas das mulheres

Márcia Lopes, ministra das Mulheres, participa do programa A Voz do Brasil (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

247 - A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, reforçou nesta quarta-feira (19), em entrevista ao programa Bom Dia, Ministra, a relevância da participação feminina nas discussões globais sobre clima. Ela destacou que o enfrentamento à crise climática exige, necessariamente, a inclusão das perspectivas das mulheres.

No segundo dia de atividades da COP30 voltadas ao Dia de Gênero, a ministra sublinhou que a agenda é essencial para ampliar a presença de mulheres de diferentes origens nas decisões internacionais. 

Logo no início da entrevista, Márcia Lopes lembrou que as mulheres são parte decisiva dos esforços climáticos. “Não existirá justiça climática sem justiça de gênero”, afirmou. A ministra explicou que a programação em Belém envolve mesas de debate, encontros com catadoras de material reciclável, diálogos sobre o Plano Clima e trocas com jovens de vários países. “As mulheres estão ocupando um espaço fundamental nessa COP”, acrescentou.

Segundo ela, a mobilização em torno do Dia de Gênero amplia a participação de mulheres indígenas, negras, pescadoras, das águas, dos campos e das florestas. A ministra relatou ainda a presença de meninas que comparecem aos eventos em busca de reconhecimento e políticas voltadas a sua proteção. “Temos as meninas aqui também, que sempre vêm ao nosso encontro, dizendo que são meninas, mas que são cuidadoras, que também querem atenção, proteção, que querem mais acesso às políticas e isso é importante”, observou.

Entre os materiais distribuídos durante a conferência, Márcia Lopes destacou a cartilha Mulheres nas Ações Climáticas. “Está fazendo sucesso. Precisamos ter um padrão de informação, de consciência. A gente vai fazer chegar por meio digital a toda a mídia do Brasil”, explicou. De acordo com ela, a iniciativa está integrada a uma série de atividades que aproximam brasileiras e estrangeiras envolvidas em ações climáticas.

A ministra também detalhou o protocolo internacional voltado a mulheres e meninas em situações de emergência climática e desastres, desenvolvido em parceria com organismos internacionais no âmbito do Plano de Aceleração de Soluções (PAS). “Nós já temos as diretrizes, no sentido de que toda vez que houver uma situação de emergência, de calamidade, de desastres, as mulheres saibam como agir e buscar apoio. Ao mesmo tempo em que são as mais impactadas, as mulheres são as mais capazes de criar soluções alternativas em relação à reconstrução das casas, à busca da alimentação, ao cuidado dos filhos, da família, dos vizinhos. As mulheres são sempre muito solidárias”, completou.

Ao ser questionada sobre o legado da COP30, Márcia Lopes mencionou o curso Diplomacia Popular, voltado à formação de mulheres em diferentes áreas de atuação. “Iniciamos com 100 pessoas e vamos agora avaliar e continuar para que, de fato, as mulheres se sintam protagonistas e nos ajudem a reverberar, reproduzir os parâmetros, os princípios. Vamos sair daqui fortalecidas”, afirmou. Ela acrescentou que a cartilha será distribuída em escolas para estimular o debate em sala de aula, destacando a importância da educação na construção de novas visões entre as gerações.

A ministra lembrou ainda que o Plano Nacional de Políticas Para as Mulheres está em fase de construção com ampla participação social. “Estamos conversando, adequando realidades, procurando dar prioridade àquilo que as mulheres de cada estado estabelecem como necessidades para a melhoria da qualidade de vida, da convivência, da participação e do protagonismo na sociedade”, explicou. Segundo ela, quase mil conferências livres foram realizadas em nível municipal e estadual, reunindo jornalistas, empresárias, catadoras e mulheres de diversos setores. “Quando a gente faz as conferências, a gente abre caminho. Isso é democracia. E agora, com 60 propostas prioritárias, vamos elaborar o Plano Nacional. As mulheres estão mais mobilizadas”, concluiu.

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