Alckmin diz que corte dos EUA é avanço, mas mantém “distorção” a corrigir
Vice-presidente afirma que tarifa de 40% imposta aos produtos brasileiros segue elevada e exige nova rodada de negociações entre Brasil e EUA
247 - O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou, nesta sexta-feira (14), que a decisão dos Estados Unidos de reduzir tarifas sobre cerca de 200 produtos alimentícios representa um movimento importante, mas ainda insuficiente. As informações foram publicadas originalmente pelo G1 e indicam que a queda anunciada pelo governo norte-americano — de 50% para 40% no caso brasileiro — não elimina o impacto do chamado “tarifaço”.
No sábado (15), Alckmin voltou ao tema e reforçou, em declarações reproduzidas pelo G1, que a alíquota aplicada aos produtos nacionais segue elevada. Para ele, o corte anunciado pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faz parte de um processo em andamento, mas não resolve o problema central.
Segundo o vice-presidente, a medida demonstra avanço, porém carece de aprofundamento. “A última ordem executiva do presidente Trump foi positiva e na direção correta”, afirmou. Alckmin explicou que a redução se refere apenas às chamadas taxas de reciprocidade, estabelecidas por Trump em abril, e que representavam 10% no caso brasileiro. “Foi positiva. Vamos continuar trabalhando. Conversa do presidente Lula com Trump foi importante no sentido da negociação e, também, a conversa do Mauro Vieira com Marco Rubio”, acrescentou.
Mesmo assim, o governo brasileiro entende que permanece um desequilíbrio. “Há uma distorção que precisa ser corrigida. Todo mundo teve 10% a menos. No caso do Brasil, ficou com 40%, que é muito alta. Você teve um setor muito atendido, que foi o suco de laranja. Era 10% e zerou. O café também reduziu 10%, mas tem concorrente que reduziu 20. Empenho tem que ser feito agora para melhorar competitividade”, completou Alckmin.
Negociações seguem em curso
A redução parcial gerou dúvidas entre exportadores brasileiros, que inicialmente esperavam uma revisão mais ampla. O Ministério da Agricultura esclareceu que o ajuste recente abrange apenas as tarifas de reciprocidade, enquanto permanece vigente uma taxa adicional de 40% imposta por Trump em julho.
Nas últimas semanas, Brasil e EUA vinham discutindo uma flexibilização maior. A agenda ganhou força após o encontro, em outubro, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, durante reunião na Malásia. A diplomacia dos dois países também retomou diálogo: o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversaram na quinta-feira (13) sobre um possível "mapa do caminho" para orientar a negociação.
Trump descarta avançar no corte de tarifas
Apesar da articulação bilateral, Trump sinalizou que não pretende novos recuos tributários. “Acabamos de fazer um pequeno recuo”, afirmou a repórteres no fim da sexta-feira (14). O presidente norte-americano também comentou a escalada de preços no mercado local. “Os preços do café estavam um pouco altos; agora, em muito pouco tempo, eles estarão mais baixos”, completou.
O Brasil é o maior fornecedor de café para os Estados Unidos e um dos principais exportadores de carne. Os dois produtos registram aumento expressivo no mercado americano, o que pressiona consumidores e afeta diretamente as decisões comerciais da Casa Branca.



