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Aldo Rebelo critica Lula e STF e anuncia candidatura ao Planalto

Ex-ministro lança projeto presidencial pelo Democracia Cristã e defende anistia ampla aos golpistas

Brasília (DF) - 22/05/2024 - Aldo Rebelo (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

247 - O ex-ministro Aldo Rebelo anunciou que será candidato à Presidência da República em 2026 pelo partido Democracia Cristã (DC), marcando um rompimento definitivo com o campo político ao qual esteve ligado por décadas. Antigo aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rebelo agora adota um discurso fortemente crítico ao governo federal, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a órgãos ambientais, apresentando uma plataforma que classifica como os “4Rs”: retomada do crescimento, redução das desigualdades, revalorização da democracia e reconstrução da agenda de defesa nacional. Será a primeira vez desde 1998 que o Democracia Cristã lançará um novo nome à Presidência, após a saída de José Maria Eymael do comando do partido, em julho.

Ao justificar sua ruptura com o atual governo em entrevista ao O Estado de São Paulo, Rebelo direciona críticas diretas a instituições que, segundo ele, travam o desenvolvimento do país. “Ibama, Ministério Público, Ministério do Meio Ambiente, Funai e Ministério dos Povos Indígenas são responsáveis por parar o País, com a cumplicidade do presidente, que é quem nomeia. Ou você remove os obstáculos para o crescimento ou o Brasil não vai sair do lugar”, afirmou. Na avaliação do ex-ministro, esses órgãos “imobilizam” três áreas que considera estratégicas para o desenvolvimento nacional: a agroindústria, a energia e a mineração.

Com uma longa trajetória na política, Aldo Rebelo ocupou cargos centrais em governos petistas. Foi ministro da Coordenação Política no primeiro mandato de Lula e presidiu a Câmara dos Deputados entre 2005 e 2007. Durante a gestão de Dilma Rousseff, chefiou os ministérios do Esporte, da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa. Em 2017, após quatro décadas de militância, deixou o PCdoB e passou por PSB, Solidariedade, PDT e MDB, legenda da qual se desligou recentemente após coordenar o programa “Caminhos para o Brasil – Nosso País, Nossa Causa”.

Nos últimos anos, Rebelo se afastou da esquerda e se aproximou de setores ligados ao bolsonarismo. Em 2024, integrou a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), como secretário municipal de Relações Internacionais. No campo institucional, suas críticas se concentram na relação entre os Poderes. Para ele, o presidente Lula perdeu capacidade de comando. “O Brasil tem um governo sem autoridade, refém do STF e sequestrado pela sua própria fraqueza. Não conta com o Congresso para nada”, declarou. Segundo Rebelo, trata-se do governo que mais acumulou derrotas no Legislativo nas últimas décadas, mantendo-se “escorado nas decisões do STF”.

O ex-ministro sustenta ainda que há um desequilíbrio estrutural entre os Poderes da República. Em seu diagnóstico, o Congresso busca assumir atribuições do Executivo por meio do chamado orçamento secreto, enquanto o Supremo “usurpa” competências tanto do Legislativo quanto do Executivo. “O Brasil precisa é reunir o poder blindado”, avaliou, ao defender uma reorganização institucional.

No debate sobre os desdobramentos políticos recentes, Rebelo também se posiciona a favor de uma anistia ampla. No ano passado, Jair Bolsonaro (PL) chegou a elogiá-lo publicamente, chamando-o de “um cara fantástico”. Com Bolsonaro preso, Rebelo defende o perdão não apenas ao ex-presidente, mas a todos os envolvidos na tentativa de golpe. “Como é que você pacifica um país? É esquecendo. Se quiser pacificar, é para anistiar todo mundo. Você não quer chegar ao governo para botar o antecessor na cadeia”, argumentou. Para ele, o Brasil precisa concentrar esforços em questões estruturais. “O País precisa reunir energias para cuidar de seu futuro. E esses problemas menores precisam ser esquecidos”, concluiu.

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