ANM mantém cobrança milionária de royalties contra a Samarco
Agência rejeita recurso e confirma dívida de R$ 857,2 milhões referentes à CFEM em Mariana e Ouro Preto
247 - A diretoria da Agência Nacional de Mineração (ANM) confirmou, na quarta-feira (26), a cobrança de R$ 857,2 milhões em royalties minerais da Samarco, após negar o recurso administrativo apresentado pela empresa. A informação foi divulgada originalmente pela Agência iNFRA, cuja apuração detalha os cinco processos referentes à CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) vinculados à extração de minério de ferro em Mariana e Ouro Preto, em Minas Gerais.
De acordo com a reportagem da Agência iNFRA, a Samarco contestava a cobrança ao alegar prescrição dos processos — abertos entre janeiro de 2010 e janeiro de 2017 — e questionava também a incidência da CFEM sobre o processo de pelotização do minério de ferro. O argumento foi apresentado em sustentação oral pelo advogado da empresa, André Luiz Bündchen.
Durante a defesa, Bündchen afirmou que a pelotização “é um processo de transformação mineralógica, não se tratando de um simples beneficiamento”. No entanto, o diretor-geral da ANM e relator do processo, Mauro Henrique Sousa, rejeitou a tese, com base em parecer técnico da própria agência. Segundo ele, a atividade não é considerada industrialização, uma vez que o produto final permanece classificado como primário.
“A pelotização é um mero processo de aglomeração das parcelas dos ultrafinos, convertendo-as em pelotas de tamanho médio. Após esse processo de beneficiamento, temos o mesmo minério de ferro de antes do beneficiamento, só que aglomerado em pelotas”, destacou Sousa ao apresentar seu voto.
O diretor-geral também afastou o argumento de prescrição, reforçando que a ação fiscal que deu origem às cobranças foi instaurada em outubro de 2019. Segundo ele, o “prazo decadencial” para constituição do crédito é de dez anos e o “prazo prescricional” é de cinco anos a partir do lançamento definitivo.
A decisão pela rejeição do recurso foi unânime entre os diretores da agência. Com isso, seguem válidas as cinco cobranças, distribuídas da seguinte forma:
R$ 235,2 milhões – Mariana (MG)
R$ 167,6 milhões – Ouro Preto (MG)
R$ 177,3 milhões – Mariana (MG)
R$ 119,7 milhões – Ouro Preto (MG)
R$ 157,4 milhões – Mariana (MG)
A Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, saiu do processo de recuperação judicial em agosto deste ano, quase uma década após o desastre da barragem de Fundão, em Mariana, que desencadeou profunda crise financeira e operacional para a companhia.



