Após cirurgia, bolsonaristas pressionam Moraes por prisão domiciliar para Jair Bolsonaro
Movimento “Bolsonaro em casa” ganha força nas redes e reúne aliados, enquanto ex-presidente segue internado em Brasília após nova operação
247 – Aliados de Jair Bolsonaro (PL) decidiram intensificar a pressão política para que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes conceda prisão domiciliar ao ex-presidente, que está internado em Brasília após uma nova cirurgia. A ofensiva inclui mobilização nas redes sociais e articulação pública de lideranças bolsonaristas para evitar que Bolsonaro deixe o hospital diretamente para cumprir eventual decisão judicial.
As informações foram publicadas na coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, nesta terça-feira, 30 de dezembro de 2025.
Segundo o relato, nas últimas horas bolsonaristas impulsionaram um movimento digital com a hashtag “Bolsonaro em casa”, capitaneado pelo deputado estadual paulista Paulo Mansur (PL). A estratégia mira diretamente o STF e busca criar ambiente político e social favorável à substituição de eventual prisão por recolhimento em casa, usando como argumento central o quadro clínico do ex-presidente e a sequência de cirurgias às quais ele vem sendo submetido.
Em uma das postagens citadas, Mansur afirmou: “A dosimetria já foi aplicada. Dosimetria é redução de pena. O jogo jurídico e político já foi definido. O que não dá é aceitar que, depois da oitava cirurgia, Bolsonaro saia do hospital direto para a Polícia Federal”. A fala foi usada como símbolo da campanha, que procura associar a possibilidade de prisão ao que os aliados chamam de risco à saúde do ex-presidente.
A movimentação ganhou reforço com a adesão do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente. De acordo com a publicação, Flávio passou a repetir a hashtag em diversas postagens nas redes sociais, ampliando o alcance do movimento e sinalizando alinhamento familiar e político à pressão sobre Moraes.
Internação em Brasília e detalhes do procedimento
Bolsonaro está internado no Hospital DF Star, em Brasília, desde a véspera de Natal, conforme o texto do Metrópoles. Ele se recupera de uma cirurgia realizada em 25 de dezembro, voltada à correção de hérnia inguinal bilateral. Além disso, foi submetido a dois procedimentos de bloqueio anestésico do nervo frênico, com o objetivo de conter crises de soluço.
A expectativa, segundo a publicação, é que o ex-presidente permaneça hospitalizado até a virada do ano, cenário que alimenta o discurso de seus aliados de que a eventual aplicação de uma medida restritiva deveria ocorrer sob condições domiciliares, e não em ambiente prisional.
Pressão política, rede social e disputa de narrativa
A ação descrita pela coluna evidencia uma tentativa de transformar o quadro médico de Bolsonaro em elemento de disputa política e jurídica. A hashtag “Bolsonaro em casa” se tornou um ponto de convergência para parlamentares e influenciadores ligados ao bolsonarismo, que buscam consolidar a narrativa de que a condição clínica do ex-presidente exige tratamento diferenciado.
A estratégia também busca produzir impacto no debate público, convertendo temas técnicos da Justiça — como regime de cumprimento de pena e condições de custódia — em uma campanha de mobilização, centrada na imagem de fragilidade física e sucessivas cirurgias.
Moraes no centro da pressão
O foco do movimento recai sobre o ministro Alexandre de Moraes, citado como a autoridade capaz de decidir sobre o pedido de prisão domiciliar. A ofensiva digital e política tenta influenciar o ambiente em torno da decisão, elevando o custo político de uma eventual medida mais dura e apresentando o caso como uma questão humanitária, não apenas judicial.
Ao mesmo tempo, a mobilização de aliados demonstra que a base bolsonarista segue operando para transformar processos judiciais em batalha pública, mantendo coesão interna e engajamento digital por meio de campanhas de alto impacto emocional.
Contexto e repercussão
O episódio reforça uma tendência recorrente na política brasileira recente: decisões judiciais envolvendo figuras centrais do cenário nacional se tornarem objeto de campanhas articuladas nas redes, com forte uso de hashtags, declarações de parlamentares e estratégias de pressão pública.
A evolução do quadro médico de Bolsonaro e os próximos passos de seus aliados devem continuar sendo explorados como argumento central do pedido de prisão domiciliar, especialmente se houver qualquer sinalização de agravamento ou necessidade de novos procedimentos.



