Após Operação Poço de Lobato, Justiça manda bloquear R$ 10,2 bi do Grupo Refit
Justiça congela patrimônio após investigação identificar esquema bilionário de sonegação no setor de combustíveis
247 - A Justiça determinou o bloqueio de R$ 10,2 bilhões em bens ligados ao Grupo Refit, alvo central da Operação Poço de Lobato. A ofensiva, deflagrada na quinta-feira (27), mira um dos maiores esquemas de sonegação já detectados no mercado de combustíveis no país.
As informações foram divulgadas originalmente pela CNN Brasil, que informou que a Receita Federal classifica o grupo como o maior devedor contumaz do Brasil, acumulando mais de R$ 26 bilhões em débitos tributários. A decisão judicial acolheu exposição da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira) de São Paulo, que apontaram a existência de um sistema estruturado para ocultação e blindagem patrimonial.
Entre os bens bloqueados estão imóveis, veículos e participações empresariais. Segundo a Receita Federal, a Refit e empresas associadas operavam uma rede de movimentações financeiras que superou R$ 70 bilhões em apenas um ano. Esses recursos circularam por fundos de investimento, contas no exterior e offshores registradas em Delaware, nos Estados Unidos, garantindo anonimato e dificultando a identificação dos beneficiários finais.
As apurações identificaram também o uso de empresas interpostas para importar combustíveis, movimentando mais de R$ 32 bilhões entre 2020 e 2025. O esquema incluía refinarias, formuladoras, distribuidoras e postos, todos envolvidos em práticas reiteradas de sonegação e adulteração de combustíveis — irregularidades que já haviam levado à interdição de unidades da companhia pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Além das fraudes fiscais, parte dos ganhos ilícitos era reinvestida em fundos fechados com apenas um cotista, mecanismo responsável por múltiplas camadas de ocultação patrimonial. Esses fundos acumulam patrimônio líquido de R$ 8 bilhões, segundo o fisco. As investigações apontam ainda indícios de cooperação de administradoras financeiras, que teriam omitido informações obrigatórias.
Procurado pela CNN Brasil, o Grupo Refit ainda não se posicionou. O espaço permanece aberto para manifestação.



