Após ser notificado por faltas, Eduardo Bolsonaro diz que Motta é “bonequinha de Moraes”
Parlamentar, que vive nos EUA, atacou o presidente da Casa e afirmou ser alvo de perseguição política
247 - Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) foram oficialmente comunicados sobre os processos que podem resultar na perda de seus mandatos por faltarem a mais de um terço das sessões deliberativas da Câmara.
Eduardo Bolsonaro, que reside nos Estados Unidos desde fevereiro, reagiu à notificação com ataques ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), responsável por encaminhar o procedimento. Em vídeo publicado nas redes sociais, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro acusou o parlamentar de se submeter a supostas pressões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em sua fala, Eduardo Bolsonaro afirmou que corre risco de cassação porque Motta não reconhece o que ele considera ser um quadro de perseguição política. “Eu só tenho o número suficiente de faltas para a cassação do meu mandato porque o senhor, Hugo Motta, não reconhece o estado de perseguição que eu sofro. Porque você prefere cerrar fileiras com Alexandre de Moraes, cedendo às ameaças dele. Quando você faz isso, ele sempre vai te ameaçar. Eu não sei qual é essa sanha que as pessoas têm de serem bonequinhas do Alexandre de Moraes”, declarou.
O vídeo divulgado pelo deputado inclui também trecho de entrevista em que Motta confirma que o parlamentar já ultrapassou o limite de ausências permitido para manter o mandato. Eduardo reagiu dizendo: “Você vai pagar o preço Moraes. Quando você for às ruas, vai ter gente te cobrando. Não porque eu mandei ou gente da militância partidária ou qualquer coisa do tipo bolsonarista, mas porque as pessoas se revoltam com injustiça. É lamentável que eu venha a perder o mandato que foi me conferido por mais de 700 mil pessoas. O mandato não cai do céu”.
Hugo Motta, por sua vez, afirmou que a análise dos processos contra Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem deve começar já na próxima semana. O presidente da Câmara reforçou que “é impossível o exercício do mandato parlamentar fora do território nacional”. Tanto Eduardo quanto Ramagem estão nos Estados Unidos; este último foi condenado pelo STF no processo da trama golpista, sentença que inclui a perda do mandato, e teve prisão decretada por Alexandre de Moraes após deixar o Brasil.
Motta vinha sendo pressionado por parlamentares da esquerda para dar andamento às cassações. No caso de Ramagem, o tema será levado diretamente ao plenário.
A madrugada desta quinta-feira marcou outro embate entre a Câmara e o Supremo Tribunal Federal. Por maioria, os deputados decidiram manter o mandato de Carla Zambelli (PL-SP), condenada por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Presa na Itália desde julho, após deixar o país, Zambelli teve prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Mais cedo, os parlamentares aprovaram uma suspensão de seis meses do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). A decisão ocorreu um dia depois de o deputado ocupar a cadeira da Presidência da Câmara por cerca de uma hora, numa tentativa de obstruir os trabalhos. O processo contra ele tramitava no Conselho de Ética, após episódio em que expulsou a chutes e empurrões um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) no ano anterior.



