Caso Master: PF ouve Vorcaro e diretor do BC e avalia acareação nesta terça-feira
Oitivas de empresários e autoridades podem resultar em acareação determinada pelo STF
247 - A Polícia Federal colhe nesta terça-feira (30) depoimentos considerados centrais no inquérito que apura possíveis fraudes financeiras envolvendo o Banco Master e o Banco de Brasília (BRB). Após as oitivas, a delegada responsável pelo caso avaliará se há divergências relevantes entre as versões apresentadas, o que pode levar à realização de uma acareação entre os envolvidos. As informações são do G1.
As investigações começaram em 2024, no âmbito da Justiça Federal, diante de indícios de que o Banco Master não possuía recursos suficientes para honrar títulos com vencimento previsto para 2025, o que levantou alertas sobre a sustentabilidade financeira da instituição.
Depoimentos podem levar a acareação
Todo o procedimento é acompanhado por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de um representante do Ministério Público. A decisão sobre a eventual acareação dependerá da identificação de contradições consideradas relevantes entre os depoimentos prestados.
Negociação frustrada entre Banco Master e BRB
No centro da apuração estão as negociações para a venda do Banco Master ao BRB, banco público do governo do Distrito Federal. O empresário Daniel Vorcaro e Paulo Henrique Costa, então presidente do BRB, participaram diretamente das tratativas.
Antes de ser afastado do comando do banco público, após investigações da Polícia Federal sobre fraudes bancárias, Paulo Henrique Costa defendia a aquisição do Banco Master como alternativa para enfrentar a crise enfrentada pela instituição privada.
Papel técnico do Banco Central na crise
A investigação também analisa a atuação do diretor do Banco Central, Ailton de Aquino Santos. Embora ele não seja investigado, diferentemente de Vorcaro e Costa, sua participação técnica é considerada relevante, já que analisou diferentes cenários para lidar com a crise do Banco Master.
Essas alternativas incluíram aporte de recursos, troca de diretoria, venda da instituição e, por fim, a liquidação. Como as opções anteriores não avançaram, a Diretoria de Fiscalização do Banco Central recomendou a liquidação do banco.
A tentativa de venda ao BRB foi vetada pela Diretoria de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, então comandada por Renato Gomes. A decisão final foi tomada pela diretoria colegiada do BC, que aprovou a liquidação por unanimidade.
Decisão de Toffoli e reação do mercado financeiro
O ministro Dias Toffoli, relator do inquérito no STF, determinou de ofício a realização da acareação em 24 de dezembro, mesmo sem solicitação da Polícia Federal ou do Ministério Público. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a suspensão da medida por considerá-la prematura, mas o pedido foi negado.
O Banco Central recorreu ao STF questionando a urgência da acareação durante o recesso do Judiciário e a condição em que seu diretor foi convocado. O recurso foi rejeitado, e Toffoli manteve a data do procedimento, citando o impacto relevante dos fatos apurados sobre o sistema financeiro.
No mesmo período, entidades que representam bancos, fintechs e o mercado financeiro divulgaram notas em defesa da autonomia e da atuação técnica do Banco Central, alertando que a revisão de decisões como a liquidação de uma instituição financeira pode gerar instabilidade no sistema.
Apuração sobre operação bilionária
Segundo a Polícia Federal, a apuração indica que o Banco Master teria adquirido créditos da empresa Tirreno sem efetuar o pagamento correspondente e, posteriormente, vendido esses ativos ao BRB, operação que teria envolvido cerca de R$ 12 bilhões.
Em novembro, o Banco Central rejeitou definitivamente a compra do Banco Master pelo BRB e decretou a liquidação da instituição, citando, entre outros motivos, a falta de recursos em caixa para cumprir compromissos financeiros.



