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Cúpula do PL se reúne com clã Bolsonaro após prisão preventiva do ex-mandatário

Lideranças analisam caminhos para unificar discurso e manter pauta sobre anistia aos golpistas do 8/1 diante da resistência no Congresso

Flávio, Carlos, Jair, Eduardo e Jair Renan Bolsonaro (Foto: Reprodução/X/@BolsonaroSP)

247 - A cúpula do PL se reúne nesta segunda-feira, em Brasília, para reorganizar sua atuação no Congresso após a prisão preventiva de Jair Bolsonaro. O movimento, que recoloca o núcleo familiar no centro da articulação, busca restabelecer a unidade interna e definir os próximos passos da oposição. Segundo o jornal O Globo, o encontro acontecerá na sede nacional do partido, reunindo lideranças parlamentares e membros da família do ex-mandatário.

Núcleo familiar assume protagonismo na articulação

De acordo com a reportagem, a reunião contará com a presença da ex-primeira-dama  Michelle Bolsonaro, do senador Flávio Bolsonaro, dos vereadores Carlos Bolsonaro e Jair Renan, além de Eduardo Torres, irmão de Michelle. A presença do grupo é interpretada por dirigentes como uma tentativa de reorganizar o campo bolsonarista e ocupar o espaço deixado pelo ex-mandatário desde sábado (22), quando foi detido.

Entre aliados, cresce a percepção de que Michelle ou Flávio devem assumir o papel de porta-voz do movimento, tarefa considerada essencial para evitar ruídos numa bancada já pressionada pelo cenário político.

 Discussão sobre dosimetria divide estratégias no PL

O principal ponto da pauta foi a análise sobre apoiar ou não o avanço do projeto de dosimetria relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que prevê a redução de penas para condenados pelos atos de 8 de janeiro. Parte dos deputados avalia que respaldar a tramitação pode ser a única alternativa para evitar o arquivamento definitivo do tema.

A resistência, porém, é significativa. PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB argumentam que não há ambiente político para votar medidas relacionadas aos atos golpistas, especialmente após a prisão preventiva do ex-mandatário por violar as medidas cautelares que haviam sido impostas pela Justiça. Esses partidos afirmam que a votação poderia ser interpretada como confronto direto com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Mesmo diante das dificuldades, lideranças do PL admitem reservadamente que discutir a dosimetria pode manter o tema vivo no Congresso, após uma semana em que o discurso interno apostava apenas na anistia ampla.

 Ala radical insiste em anistia total e pressiona Câmara

Parlamentares mais alinhados à ala mais dura do bolsonarismo, porém, continuam defendendo o perdão integral aos condenados pelos atos golpistas. Desde o fim de semana, de acordo com a reportagem, aumentou a pressão sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para que coloque a proposta de anistia em votação. O líder da oposição, Tenente Zucco (PL-RS), confirmou que fez o pleito diretamente ao comando da Casa.

A reunião de segunda-feira é parte da preparação para o encontro de líderes marcado para terça-feira, considerado decisivo para medir o impacto político da prisão e a capacidade do PL de se reorganizar diante da nova conjuntura. Até o momento, Hugo Motta não se pronunciou publicamente. Interlocutores afirmam que ele só pautará o tema se houver consenso no Colégio de Líderes, condição que ainda não foi alcançada.

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