Derrite deixará comando da Segurança de SP em 1º de dezembro
Saída ocorre após evento da Rota; secretário retorna à Câmara e mira disputa ao Senado
247 - O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), deixará definitivamente o cargo na segunda-feira (1º), após participar de um evento da Rota, grupo de elite da Polícia Militar no qual construiu sua carreira antes de ingressar na política. A informação foi divulgada originalmente pelo O Globo e confirmada por diversas fontes ligadas ao governo paulista.
No segundo parágrafo, conforme noticiado pelo O Globo, quatro interlocutores próximos ao Palácio dos Bandeirantes e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmaram a data da saída, que já era aguardada internamente. Derrite não respondeu aos contatos da reportagem.
Durante sua passagem pela pasta, marcada por três anos de forte exposição pública, Derrite relatou na Câmara dos Deputados o PL Antifacção — proposta que avançou em meio a críticas por alterações de última hora, mas terminou aprovada sob sua relatoria. Uma fonte ouvida pelo jornal afirmou que o objetivo do secretário é “sair por cima”, capitalizando politicamente o protagonismo obtido durante a tramitação do projeto. De volta ao Congresso, ele deve preparar sua candidatura ao Senado nas eleições do próximo ano.
Disputa pela sucessão
Com a saída, dois nomes surgem como principais cotados para assumir a Secretaria da Segurança Pública. O secretário-executivo da pasta, Osvaldo Nico Gonçalves, considerado próximo de Derrite e que já ocupou o cargo interinamente, é apontado como um dos favoritos nos bastidores. Por outro lado, o secretário da Administração Penitenciária, Marcello Streifinger, teria a preferência do governador Tarcísio de Freitas.
Três anos marcados por polêmicas e aumento da letalidade
O período Derrite à frente da SSP foi acompanhado de aumento expressivo da letalidade policial e de episódios de abuso de força que tiveram grande repercussão. Em 2022, último ano das gestões João Doria e Rodrigo Garcia, foram registradas 421 mortes decorrentes de intervenção policial no estado. O número subiu para 504 no primeiro ano de Tarcísio e alcançou 813 no ano seguinte, puxado por operações de grande escala, como Escudo e Verão, no litoral paulista.
Entre os casos que mais pressionaram o governo está a morte do menino Ryan, de 4 anos, durante perseguição policial em Santos, além do vídeo que mostra um policial militar arremessando um motoboy de uma ponte durante uma abordagem, mesmo sem sinais de resistência.
Governo defende queda de indicadores criminais
Apesar das críticas, Derrite e o governador insistiram em defender os resultados da gestão. Segundo eles, a redução de indicadores criminais demonstra aumento da “produtividade policial”. Dados oficiais apontam queda de 11,4% nos crimes violentos letais — como homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte — entre 2022 e 2024. O número total de prisões também cresceu de 146 mil para 166 mil no mesmo período.
Entretanto, houve alta em crimes sem resultado morte, como tentativas de homicídio (+2,1%), lesões corporais dolosas (+15,9%) e estupros (+10,1%). Crimes patrimoniais tiveram comportamento misto: roubos caíram 20,8%, furtos recuaram 1,4%, mas estelionatos avançaram 31,1%, impulsionados pela expansão de golpes digitais, conforme dados do Anuário de Segurança Pública.



