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José Guimarães nega crise entre governo e Hugo Motta

Presidente da Câmara dos Deputados rompeu com o líder do PT, Lindbergh Farias

José Guimarães (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)

247 - O líder do governo Lula (PT) na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o embate entre Hugo Motta (Republicanos-PB) e o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), não representa um rompimento entre o Palácio do Planalto e a presidência da Câmara. A divergência surgiu após uma disputa intensa durante a análise do projeto de lei antifacção, tensionando a relação entre os dois parlamentares e repercutindo no ambiente político da Casa, informa a Folha de S. Paulo.

Guimarães usou as redes sociais para minimizar o conflito e defender a reaproximação. Segundo ele, “a crise que é propagada entre o presidente da Câmara dos Deputados e o líder do PT não pode ser caracterizada como uma crise do governo e o presidente Hugo Motta”. O deputado acrescentou que, após a votação acirrada, é necessário “sentar e discutir as prioridades do fim do ano”.

O líder do governo disse estar empenhado em conversar com Motta e buscar “o caminho do meio” para garantir votações de interesse do Executivo até dezembro. Entre lideranças do Centrão, Guimarães é visto como articulador capaz de reduzir tensões entre o comando da Câmara e o Planalto.

Na segunda-feira (24), Motta decidiu romper politicamente com Lindbergh. O presidente da Câmara declarou não ter “mais interesse em ter nenhum tipo de relação” com o líder petista. Em resposta, Lindbergh afirmou considerar a postura de Motta “imatura” e argumentou que a suposta crise de confiança “tem mais a ver com as escolhas que o próprio Hugo Motta tem feito”.

A avaliação no governo é de que o episódio pode aprofundar o desgaste entre o Executivo e o Congresso, num momento em que também há ruídos com o Senado. Mesmo assim, integrantes próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva consideram desproporcional a reação de Motta e acreditam ser possível restabelecer o diálogo.

Lula, segundo interlocutores, respaldou a atuação de Lindbergh na defesa das pautas de interesse do governo. O presidente estimulou movimentos na Câmara para conter projetos contrários ao Planalto, como a PEC da Blindagem e o próprio PL antifacção relatado por Guilherme Derrite (PP-SP).

Com o recesso parlamentar marcado para 23 de dezembro, aliados de Lula avaliam ser essencial “baixar a temperatura” e buscar entendimentos para não travar votações. Já o grupo político de Motta vinha demonstrando incômodo com o comportamento de Lindbergh nas reuniões de líderes, alegando que ele extrapolava suas funções ao agir como se fosse o líder do governo.

O desgaste cresceu após a votação do PL antifacção. Integrantes da cúpula da Câmara afirmam, sob reserva, que ministros do governo teriam incentivado críticas à Casa durante a tramitação da proposta. Lindbergh, por sua vez, declarou à imprensa que havia uma crise de confiança do Executivo em relação a Motta, o que elevou ainda mais a tensão.

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