HOME > Brasil

Empregados demitidos da Refit protestam no Rio

Ex-funcionários protestam contra demissões e interdição da refinaria investigada por sonegação e elo com o PCC

Empregados demitidos da Refit protestam no RJ - 10/11/2025 (Foto: Divulgação/Instagram/sindipetrorj)

247 - Empregados demitidos da Refit bloquearam, na manhã desta segunda-feira (10), a Avenida Brasil, uma das principais vias de acesso ao Rio de Janeiro, em protesto contra as demissões em massa ocorridas após a interdição da refinaria. O ato foi organizado pelo Sindipetro-RJ, sindicato filiado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), e reuniu dezenas de ex-funcionários da antiga Refinaria de Manguinhos, que exigem explicações sobre o fechamento da unidade e a falta de diálogo com a direção da empresa.

Segundo informações do Estadão, a paralisação das atividades foi determinada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e pela Receita Federal, após a Operação Carbono Oculto, deflagrada no fim de agosto em São Paulo, apontar que combustíveis da Refit abasteciam postos de gasolina controlados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação levou a Receita e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a classificarem a empresa como “sonegadora contumaz”, acusando-a de não recolher tributos devidos.

O Sindipetro-RJ informou que cerca de 100 trabalhadores foram dispensados desde o início da interdição. O bloqueio na Avenida Brasil causou congestionamentos e repercussão nas redes sociais, com críticas e apoio ao movimento.

Em nota, a Refit negou as acusações e rejeitou qualquer ligação com o crime organizado. “A Refit não foi alvo da operação Carbono Oculto e repudia de forma categórica qualquer tentativa de associar a empresa ao PCC ou a qualquer outra organização criminosa”, afirmou a companhia.

A Receita Federal voltou a agir em setembro, com a Operação Cadeia de Carbono, que apreendeu quatro navios carregados com combustível destinado à refinaria. Segundo o órgão, a empresa declarava a compra de matéria-prima, mas laudos da ANP comprovaram que se tratava de gasolina pronta, o que configuraria tentativa de pagar menos impostos.

Além disso, a ANP identificou falhas graves no sistema de tancagem e no controle de vazão da refinaria. O órgão concluiu que a Refit não estava realizando o processo de refino, o que pode levar à perda de benefícios tributários e até da licença de operação. Parte das atividades permanece interditada até uma decisão definitiva da diretoria da agência.

A empresa, no entanto, afirma que “já comprovou por meio de dois laudos científicos que não há qualquer irregularidade na documentação das importações, não havendo, portanto, justificativa para a interdição da carga pela Receita Federal”.

O impasse entre a Refit, as autoridades e os ex-funcionários agrava a crise na antiga Refinaria de Manguinhos, que enfrenta acusações de sonegação, irregularidades operacionais e vínculos ilícitos — todas negadas pela empresa.

Artigos Relacionados