Greve dos petroleiros chega ao quinto dia e vazamento de gás amplia crise na Petrobras
Incidente em plataforma da Bacia de Campos intensifica impasse entre trabalhadores e empresa em meio à paralisação nacional
247 - A greve nacional dos trabalhadores do Sistema Petrobras entrou nesta sexta-feira (19) no quinto dia consecutivo, com paralisações, atrasos na troca de turnos e adesão crescente em unidades operacionais espalhadas por todas as regiões do país. O movimento envolve plataformas offshore, refinarias, terminais, usinas e bases administrativas, configurando uma mobilização de alcance nacional e elevando a pressão sobre a estatal.
As informações foram divulgadas pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que aponta agravamento do conflito após um vazamento de gás registrado na plataforma P-40, localizada na Bacia de Campos. A unidade estava sob responsabilidade de equipes de contingência quando ocorreu o incidente, o que levou à interrupção total das operações, em regime de shutdown. Segundo a federação, o vazamento foi contido, mas a produção segue paralisada para a realização de intervenções técnicas destinadas à recuperação da integridade operacional da plataforma.
Para os sindicatos filiados à FUP, o episódio expõe riscos associados à definição unilateral das equipes de contingência por parte da empresa, sem negociação com as entidades representativas dos trabalhadores. Desde o início da greve, esse ponto tem sido um dos principais focos de conflito. As entidades sindicais relatam denúncias de jornadas excessivas, retenção de trabalhadores a bordo, assédio e utilização de profissionais fora de suas atribuições habituais, fatores que, segundo os sindicatos, comprometem diretamente a segurança das operações.
“A ocorrência transforma um conflito trabalhista em um problema concreto de segurança, com impactos na produção, no meio ambiente e na integridade dos trabalhadores”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar. Ele defende a abertura imediata de negociações para que os efetivos mínimos de segurança sejam definidos com a participação dos sindicatos.
Dados apresentados pela federação indicam que a plataforma P-40 registrou, ao longo deste ano, uma produção média diária de 18.328 barris de petróleo e 351 milhões de metros cúbicos de gás natural, totalizando 20.537 barris de óleo equivalente por dia. A paralisação da unidade também afetou outras operações da região da Bacia de Campos.
A FUP reforça que a greve tem como objetivos centrais a defesa de direitos trabalhistas, o debate sobre o fim dos equacionamentos da Petros e a preservação de uma Petrobras considerada forte e segura pelos trabalhadores. A federação afirma manter disposição para o diálogo, desde que haja abertura efetiva de negociação por parte da empresa.
Até o momento, o movimento paredista atinge nove refinarias, 28 plataformas offshore, 16 terminais operacionais, quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel, dez instalações terrestres, duas bases administrativas e três unidades de saúde, meio ambiente e segurança (SMS).
O clima de tensão também foi destacado pelo diretor de Saúde e Segurança do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira. “A gente vive um momento extremamente tenso. Há plataformas operando sem a composição adequada de equipes, com profissionais exercendo funções críticas sem a experiência e habitualidade necessária, inclusive em áreas sensíveis como a de SMS (saúde, meio ambiente e segurança). Isso torna uma situação que já era difícil ainda mais preocupante”, alertou. Segundo ele, o sindicato acompanha de perto a ocorrência na P-40 e cobra esclarecimentos da Petrobras sobre as causas do vazamento.
A paralisação segue com forte adesão em diferentes estados, incluindo Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com registros de unidades operando sob contingência, cortes na rendição de turnos e interrupções completas de atividades em setores estratégicos da companhia.



