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Guimarães afirma que partidos com ministérios devem apoiar votações do governo

Líder do governo na Câmara cobra fidelidade da base aliada às pautas do Planalto

José Guimarães (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

247 - O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou que os partidos que integram o governo federal e ocupam ministérios precisam demonstrar compromisso com as votações de interesse do Executivo. A declaração foi feita durante conversa com jornalistas na quinta-feira (18), em meio às articulações políticas para fortalecer a base aliada no Congresso Nacional.

Guimarães comentou a cobrança feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos ministros e às legendas governistas durante uma reunião realizada na quarta-feira (17). Segundo o deputado, o presidente foi claro ao apontar que não é compatível participar do governo e, ao mesmo tempo, votar contra suas propostas no Legislativo. “Acho que ele [Lula] fez uma fala muito adequada para o momento que estamos vivendo. Há que se compreender que não é possível um partido participar do governo e votar contra o governo aqui. Ninguém quer obrigar nada, mas as pessoas também precisam se mancar”, afirmou.

Na reunião ministerial, Lula destacou que o processo eleitoral de 2026 exigirá definições claras de posicionamento político por parte dos partidos aliados. “Ano que vem é o ano em que a gente tem a oportunidade, não só porque estaremos em disputa, mas porque cada ministro, cada partido que vocês participam vai ter que estar no processo eleitoral e vai ter que definir de que lado tá. Será inexorável as pessoas definirem o discurso que vão fazer. Eles vão ter que defender aquilo que eles acham que podem elegê-los”, disse o presidente.

Atualmente, legendas como PSD, MDB, União Brasil, PP e Republicanos fazem parte do governo, mas não garantem apoio integral às pautas do Planalto nas votações. Guimarães afirmou que trabalha pela construção de uma frente ampla em defesa da reeleição de Lula e ressaltou que a consolidação dessas alianças ocorrerá no momento político adequado.

O deputado também citou avanços na relação do governo com o União Brasil após mudanças no comando do Ministério do Turismo. Celso Sabino deixou o cargo depois de ser expulso do partido, abrindo espaço para a nomeação de Gustavo Feliciano, nome que conta com apoio de quase metade da bancada da legenda na Câmara e com o aval do presidente do partido, Antonio Rueda.

Apesar de setores do União Brasil negarem que a indicação tenha partido oficialmente da sigla, a avaliação no governo é de que o nome agrada tanto à direção partidária quanto à presidência da Câmara. Nesta semana, Rueda se reuniu com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e com o presidente do PT, Edinho Silva, em um gesto de recomposição política.

Para Guimarães, as mudanças ajudam a estruturar uma base parlamentar mais estável. “Eu acho que avançou também com as mudanças que ocorreram. […] A minha expectativa, pelo que houve com a mudança do União Brasil, [é de que] nós temos que costurar aqui uma base que tenha pelo menos os 257 votos que são necessários para aprovar as matérias de maior relevância”, afirmou.

O líder do governo citou ainda a votação do corte de benefícios fiscais, realizada na terça-feira (16), considerada essencial para o equilíbrio das contas públicas em 2026. Segundo ele, a proposta alcançou 310 votos favoráveis, com apoio expressivo de parlamentares do União Brasil e do PSD. “Nós tivemos 310 votos. O PSD deu 35 votos [de 47], União Brasil deu 30 e tantos [de 59], e por aí vai. Acho que se a gente tiver nessa média, de 30 a 35 votos da bancada do União Brasil, PSD e PP, está de bom tamanho. Por quê? Esses partidos, parte significativa deles, fizeram aliança com o candidato que perdeu a eleição. Portanto, isso tem que ser compreendido”, disse.

Dentro do União Brasil, o grupo mais alinhado ao governo reúne cerca de 20 a 22 deputados e foi responsável pela articulação que levou à indicação do novo ministro do Turismo. Em entrevista, Celso Sabino avaliou que o movimento sinaliza uma reaproximação da legenda com o Planalto. “Acho que essa indicação mostra que já voltou”, afirmou.

Com o cenário eleitoral de 2026 ainda indefinido, parte das lideranças do União Brasil passou a defender uma posição de neutralidade, após o esfriamento de uma possível aliança em torno da candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), diante da entrada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na disputa presidencial.

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