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Haddad agradece Legislativo: ‘todos os nossos projetos foram pautados’

Ministro reconheceu tensões e divergências, mas saudou “esforço institucional enorme” para avançar em “projetos cruciais para o país”

Brasília-DF - 14/10/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: Lula Marques/Agência Braasil)

247 -  O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fez nesta quarta-feira (17) um reconhecimento público ao papel do Congresso Nacional na condução da agenda econômica do governo Lula. Ao discursar na última reunião ministerial de 2025, Haddad afirmou que o avanço de medidas consideradas centrais para o país só foi possível graças à atuação conjunta entre Executivo e Legislativo, mesmo em um ambiente marcado por negociações e divergências naturais entre os Poderes.

Durante a reunião, Haddad destacou que sua avaliação foi apresentada no contexto de um balanço amplo do desempenho econômico e fiscal do país ao longo do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ministro, o governo conseguiu combinar crescimento, melhora social e ajuste das contas públicas, cenário que exigiu diálogo permanente com o Congresso para viabilizar projetos estruturantes.

No campo econômico, Haddad lembrou que o Brasil voltou a crescer em ritmo consistente após anos de estagnação. “O crescimento médio desses três anos é de mais de 3%. A previsão nossa é de chegar a um crescimento médio de 2,8%. É o maior desde os governos Lula 1 e Lula 2”, afirmou. Ele ressaltou que, após um “vale de lágrimas de baixo crescimento”, sobretudo desde 2015, o país retomou uma trajetória positiva, reconhecida por organismos internacionais.

O ministro também apontou que os avanços vão além das taxas anuais de expansão. “Mais importante que o dado em si é o potencial da economia brasileira de crescer mais”, disse, ao destacar que o horizonte de crescimento do país está respaldado por avaliações externas. Haddad associou esse cenário ao fortalecimento do mercado de trabalho, que, segundo ele, vive seu melhor momento histórico. “A taxa de desemprego é a mínima histórica”, afirmou, citando ainda a baixa informalidade e a menor taxa de subutilização da força de trabalho da série.

No discurso, Haddad detalhou indicadores sociais e de renda. Ele destacou que o rendimento médio do trabalhador chegou a R$ 3.507, o maior valor real já registrado, e que o salário mínimo alcançou o melhor patamar da série histórica em termos reais. Segundo o ministro, o volume de serviços prestados também atingiu recorde, enquanto os programas de transferência de renda alcançam cerca de um quarto da população brasileira, sustentando a renda das famílias ao longo do tempo.

De acordo com Haddad, esses programas têm caminhado junto com a geração de empregos. “Tem havido uma migração para o mercado de trabalho. As pessoas estão saindo dos programas porque tem vaga de trabalho disponível”, afirmou. Ele acrescentou que o país saiu do Mapa da Fome e alcançou o menor índice de Gini da história recente, indicador que mede a desigualdade de renda.

O ministro também chamou atenção para a redução de problemas estruturais. “A taxa de jovens que nem estudam nem trabalham está no menor índice: um quinto, contra um quarto da média pré-pandemia”, disse. Haddad apontou ainda que a pobreza e a extrema pobreza atingiram os menores níveis históricos, com a extrema pobreza em 4,4%. “Não tem precedente esse indicador”, afirmou.

Ao explicar como foi possível ampliar investimentos e programas sociais, Haddad ressaltou a recomposição do orçamento público. Ele afirmou que praticamente todas as áreas estratégicas contam hoje com mais recursos do que no passado recente, em alguns casos com valores dobrados ou triplicados. “A pergunta é: como é possível ampliar todos os programas sociais, de investimento, melhorando as contas públicas, sem penalizar os mais pobres? Qual é o milagre que esse governo está operando”, questionou.

Haddad também fez um resgate da situação fiscal herdada no início do atual governo, citando um déficit contratado superior a R$ 200 bilhões, resultado de omissões no orçamento anterior, como recursos insuficientes para o Bolsa Família, precatórios e despesas obrigatórias sem fonte de financiamento. “O presidente [Lula] assume (…) com uma conta a pagar de mais de R$ 200 bilhões. Essa é a verdade”, afirmou.

Segundo o ministro, diante desse cenário, o governo decidiu cumprir o compromisso de campanha de não penalizar trabalhadores e os mais pobres. “Temos que colocar o pobre no orçamento e o rico no Imposto de Renda”, disse, ao relatar o trabalho de revisão de gastos e recomposição de receitas, além da definição de metas fiscais mais exigentes para dar previsibilidade à economia.

Foi nesse contexto que Haddad fez o agradecimento explícito ao Congresso Nacional. Ele citou a atuação dos líderes do governo, Randolfe Rodrigues, José Guimarães e Jaques Wagner, e destacou a importância do Legislativo para a viabilização das medidas. “É natural as tensões entre poderes, é natural ter divergências, você brigar por mais ou por menos, negociar”, afirmou. Em seguida, ressaltou: “A grande verdade é que no meio disso tudo nem sempre se reconhece o esforço institucional enorme que foi feito pelos presidentes das duas Casas desde 2023”.

O ministro frisou que, embora os projetos tenham passado por mudanças, todos foram apreciados. “Os projetos que foram encaminhados foram pautados. Saíram como nós mandamos? Não”, disse, ao destacar que a alteração de propostas faz parte do funcionamento democrático. “Mas a verdade é que todos os projetos cruciais para o país que foram apresentados foram pautados pelos presidentes, pelos líderes e foram apreciados de alguma maneira pelos parlamentares”, concluiu.

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