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Intervenção no Banco Master já é a maior da história do sistema financeiro brasileiro

Ação do Banco Central atinge volume inédito de ativos e depósitos, marcando um dos episódios mais críticos do setor

Banco Master (Foto: Divulgação)

247 - A intervenção conduzida pelo Banco Central (BC) no conglomerado que controla o Banco Master desencadeou a maior operação já registrada no sistema financeiro brasileiro. O caso envolve valores e riscos que ultrapassam, com larga margem, episódios emblemáticos das décadas passadas, quando instituições como Bamerindus, Nacional e Econômico entraram em colapso.

De acordo com os dados divulgados pelo O Globo, o BC determinou a liquidação extrajudicial do Banco Master S.A., processo que interrompe imediatamente as atividades da instituição e transfere a administração de seus bens a um gestor indicado pelo órgão regulador. Paralelamente, o Banco Master Múltiplo, outra empresa do grupo, foi submetido ao regime de administração especial temporária, permitindo a continuidade das operações, porém sob supervisão direta das autoridades.

O conglomerado acumulava, segundo informações oficiais, R$ 86,396 bilhões em ativos — o maior montante já envolvido em um processo de liquidação no país. Apenas em depósitos potencialmente cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o grupo somava R$ 62,2 bilhões. O FGC, que oferece proteção de até R$ 250 mil por pessoa em casos de quebra, nunca havia sido confrontado com um volume tão elevado de recursos suscetíveis de ressarcimento simultâneo.

Nas últimas três décadas, o fundo precisou atuar em 40 episódios de insolvência bancária, nenhum deles comparável ao alcance do caso Master. A dimensão dos ativos e a quantidade de clientes expostos transformaram a intervenção na maior da história do sistema financeiro nacional, segundo avaliação de especialistas do setor.

As maiores intervenções bancárias do Brasil

A seguir, uma síntese dos maiores processos de intervenção já registrados:

  1. Conglomerado Banco Master — 2025 R$ 86,396 bilhões em ativos; R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis ao FGC; um banco liquidado e outro sob administração especial.

  2. Banco Bamerindus — 1997 Pagamento de R$ 3,7 bilhões na época (equivalente a R$ 19,6 bilhões atualizados). A instituição acabou vendida ao HSBC.

  3. Banco Nacional — 1995 Um dos maiores escândalos de fraude bancária do país, com rombo bilionário e forte risco sistêmico no período pós-Plano Real.

  4. Banco Econômico — 1995 Quebra simultânea ao Nacional, agravando a perda de confiança no sistema. O processo levou anos para ser concluído.

  5. Banco PanAmericano — 2010 Maior operação de socorro financeiro recente sem liquidação. O rombo de R$ 2,5 bilhões foi coberto pelo FGC e pelo Grupo Silvio Santos.

  6. Banco Santos — 2004 Caso emblemático de má gestão e fraudes, com cerca de R$ 10 bilhões em ativos à época.

  7. Banco Rural — 2013 Problemas financeiros e envolvimento em escândalos políticos levaram à sua liquidação pelo BC.

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