Lira chefiava desvios de emendas, diz Glauber Braga
Com mandato suspenso, deputado coloca ex-presidente da Câmara como articulador de desvios no orçamento secreto
247 - Com o mandato suspenso por seis meses por decisão da Câmara dos Deputados, o deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) voltou a fazer duras acusações contra o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Em meio aos desdobramentos de uma recente operação da Polícia Federal, o parlamentar afirmou em entrevista ao Metrópoles que Lira teria papel central na articulação de desvios ligados ao chamado orçamento secreto.
As declarações ocorrem após a PF cumprir mandados de busca e apreensão contra Mariângela Fialek, ex-assessora de Arthur Lira, apontada pelos investigadores como operadora de um esquema de desvio de emendas parlamentares.
Durante a conversa, Glauber Braga comentou tanto a suspensão de seu mandato quanto a investigação que envolve a ex-assessora do deputado alagoano. Segundo ele, não há relação direta entre o depoimento que prestou à Polícia Federal, em fevereiro, e a abertura do processo no Conselho de Ética da Câmara, em março. Ao abordar o tema do orçamento secreto, foi categórico: “Arthur Lira é o pai do orçamento secreto”, declarou.
O parlamentar do PSol afirmou ainda que a operação da PF é resultado de um conjunto de apurações acumuladas ao longo do tempo, e não de um único elemento isolado. “Essa operação vem se acumulando. Em algum momento isso aconteceria. Ela não foi baseada apenas nos depoimentos. A senhora (Mariângela), braço direito de Arthur Lira, vinha sendo monitorada judicialmente, o que levou, inclusive, a outras informações. É um somatório que levou à operação”, disse.
Na avaliação de Glauber Braga, o avanço das investigações deve alcançar o que ele considera o núcleo de comando do esquema. “A minha expectativa é que o desenrolar dessa história responsabilize o chefe, o orientador, o mentor, o articulador da senhora que foi alvo da operação. Todo mundo sabe que é o Arthur Lira”, afirmou.
A operação da Polícia Federal foi deflagrada na última sexta-feira (12), em Brasília, para cumprir dois mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal. Um dos alvos foi justamente Mariângela Fialek, que atuou como assessora de Arthur Lira na Câmara dos Deputados.
Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa de Mariângela Fialek negou qualquer irregularidade. Segundo os advogados, ela “não cometeu nenhuma irregularidade funcional ou criminal” e sua atuação no Legislativo teria sido “estritamente técnica, apartidária e impessoal”. A defesa também sustentou que a medida teve como objetivo acessar informações relacionadas à sua função na Câmara, especialmente sobre indicações de verbas de emendas feitas por parlamentares.



