Lula alfineta Bolsonaro e defende "direitos humanos para todos"
Presidente lembrou que Bolsonaro, hoje preso, posou com camiseta escrito: ‘direitos humanos, esterco da vagabundagem’
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas a discursos que desprezam os direitos humanos e afirmou que esses direitos devem valer para toda a sociedade, “sem exceção”. A declaração foi feita nesta sexta-feira (12), durante a 13ª Conferência dos Direitos Humanos, em Brasília, em um discurso que fez referência a Jair Bolsonaro (PL), hoje preso, e a símbolos associados ao negacionismo e ao desprezo por políticas de proteção social.
As falas de Lula ocorreram durante a 13ª Conferência dos Direitos Humanos, realizada na capital federal, evento que reuniu representantes do governo e da sociedade civil. Ao longo do pronunciamento, o presidente contrapôs a defesa institucional dos direitos humanos a práticas e discursos do passado recente, ressaltando a importância de garantir dignidade e respeito a todos os cidadãos.
Logo no início, Lula enfatizou o valor da mobilização social e do processo democrático na construção de políticas públicas. “É muito importante a gente dar muita importância a um evento como este, sobre os direitos humanos. Construir qualquer política positiva para ajudar as pessoas necessitadas é sempre muito difícil. Agora, destruir, basta eleger alguém que não presta”, afirmou, ao alertar para a facilidade com que conquistas sociais podem ser desmontadas por decisões políticas rápidas.
O presidente destacou ainda que políticas de proteção dependem de compromisso permanente do Estado e da sociedade. “Vocês estão apenas dizendo: ‘nos tratem com carinho, com respeito e com a dignidade que nós merecemos, porque somos seres humanos’”, disse, ao se dirigir aos participantes da conferência e defender um país “menos violento, menos preconceituoso e menos marginal”.
Ao fazer um balanço de seu governo, Lula citou avanços no combate à pobreza, à desigualdade e na garantia de direitos, mencionando a redução histórica da pobreza extrema, a queda do desemprego e a ampliação de políticas sociais. Ele também lembrou a aprovação da lei da igualdade salarial entre homens e mulheres e ressaltou que, mesmo após a sanção, “há uma segunda guerra, para fazer as pessoas cumprirem a lei”.
No campo institucional, o presidente associou a defesa dos direitos humanos a um ambiente democrático. “Somente em um governo democrático e popular é que uma mulher como a Macaé [Evaristo], negra, do interior de Minas Gerais, professora, pode ter o orgulho de ser ministra dos Direitos Humanos”, afirmou, ao destacar a ampliação da participação de grupos historicamente excluídos nas políticas públicas.
Lula também criticou o avanço de discursos extremistas no Brasil e no mundo. “A verdade nua e crua é que a ascensão da extrema-direita ao redor do mundo provocou uma inédita onda de negacionismo dos valores humanistas”, disse, apontando que negros, mulheres, indígenas, quilombolas, pessoas em situação de rua e a população LGBTQIA+ são alvos recorrentes de ataques e discriminação.
Ao encerrar o discurso, o presidente fez a referência mais direta a Bolsonaro, reforçando que a defesa dos direitos humanos não admite exceções. “Seguiremos trabalhando juntos na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, de um país em que os direitos humanos sejam tratados com a relevância que merecem. E que eles valham para todos, sem exceção, inclusive para quem até outro dia exibia uma camiseta com a frase: ‘direitos humanos, esterco da humanidade’. Vocês se lembram disso”, afirmou Lula, em tom crítico.



