Lula e Alcolumbre retomam diálogo após crise gerada por indicação ao STF
Reaproximação ocorre depois de semanas de afastamento e envolve articulação política no Senado e impasse sobre nome indicado para o Supremo
247 - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), voltaram a se falar após um período de forte distanciamento político. O diálogo foi retomado depois de semanas de tensão entre o Palácio do Planalto e o comando do Legislativo, embora a relação ainda não tenha recuperado o grau de proximidade observado ao longo da maior parte de 2025. As informações são da Folha de São Paulo.
O rompimento teve como estopim a decisão de Lula de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha contrariou Alcolumbre e outros senadores influentes, que defendiam o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o cargo.
Até então principal aliado do governo no Congresso ao longo do ano, Alcolumbre se afastou de forma significativa do Executivo. O desgaste foi tão profundo que o presidente do Senado deixou de manter contato até mesmo com o líder do governo na Casa, o senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos principais interlocutores de Lula no Legislativo.
Diante do impasse, o presidente passou a fazer gestos públicos de aproximação nas últimas semanas, em uma tentativa de reduzir as tensões. Paralelamente, senadores como Weverton Rocha (PDT-MA), Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) atuaram nos bastidores para reconstruir a ponte entre os dois chefes de Poder.
A reaproximação começou com uma conversa telefônica no fim da semana passada e evoluiu para um encontro presencial realizado dias depois, em Brasília. Na conversa, Lula agradeceu a Alcolumbre pelo avanço de projetos de interesse do governo aprovados pelo Congresso, reconhecimento que já vinha sendo feito pelo presidente em declarações públicas recentes.
Durante o diálogo, Lula também buscou avaliar o ambiente político no Senado em relação à indicação de Jorge Messias ao STF. No entanto, esse ponto não avançou. A definição sobre o futuro da nomeação deve ficar para fevereiro, com a retomada dos trabalhos legislativos. Embora a indicação tenha sido anunciada, o governo ainda não enviou ao Senado a documentação necessária para que o nome seja analisado formalmente.
O atraso no envio dos papéis foi usado pelo Planalto como estratégia para postergar a sabatina. Caso a votação tivesse ocorrido em 10 de dezembro, como inicialmente previsto, aliados do governo avaliavam que Messias corria risco real de rejeição. Nos bastidores, tanto apoiadores de Lula quanto interlocutores de Alcolumbre veem a retomada do diálogo como uma etapa preliminar para destravar o processo de indicação.
A conversa entre os dois também abordou o cenário político em Minas Gerais. Lula voltou a sondar Alcolumbre sobre a possibilidade de Rodrigo Pacheco disputar o governo do estado em 2026. Mais uma vez, ouviu que o senador mineiro não demonstra interesse em concorrer. Ainda assim, o presidente insiste na avaliação de que Pacheco seria um nome competitivo em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país e peça estratégica para alianças nacionais.
Além da disputa em torno do STF, a deterioração da relação entre Executivo e Legislativo no fim do ano foi agravada por campanhas de comunicação do PT com críticas ao Congresso Nacional. Senadores relataram incômodo com a postura do partido, destacando que Alcolumbre foi um dos mais irritados com o tom adotado. O presidente do Senado reagiu especialmente a declarações do governo que atribuíam ao Legislativo o controle excessivo do Orçamento por meio das emendas parlamentares, instrumento central da atuação de deputados e senadores em suas bases eleitorais.



