Lula exalta êxito nas negociações do tarifaço de Trump: "o Brasil voltou a ser respeitado no mundo"
Presidente diz que diálogo com Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, garantiu avanços ao Brasil e marcou retomada do respeito internacional
247 - Em discurso durante a 10ª Reunião do Conselho de Participação Social (CPS), realizada nesta terça-feira (16), no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as negociações conduzidas com os Estados Unidos após o tarifaço imposto ao Brasil em julho. Segundo Lula, o governo brasileiro atuou com firmeza e paciência no diálogo com Donald Trump, obtendo resultados concretos e reafirmando a soberania nacional.
Relação com os EUA e defesa da soberania
Ao tratar diretamente da crise comercial, Lula afirmou que o governo brasileiro recusou qualquer postura submissa diante das medidas adotadas por Washington. “A primeira coisa que nós fizemos foi abdicar, não aceitar, em hipótese alguma, o complexo de vira-lata”, declarou. Segundo ele, o princípio que orientou as conversas foi a defesa inegociável da soberania e da democracia brasileiras.
O presidente relatou que manteve três reuniões com Donald Trump desde o início do conflito tarifário. “Depois do tarifaço, eu já tive três reuniões com o presidente Trump e nessas três reuniões a gente conseguiu ganhos para o Brasil em todas elas”, afirmou. Entre os resultados, Lula citou a redução de taxações e a retirada do ministro Alexandre de Moraes de uma legislação norte-americana que, segundo ele, poderia penalizar autoridades estrangeiras.
Para Lula, a condução do impasse exigiu equilíbrio e persistência. “Quando você tem um problema de crise, quando você tem uma situação de nervosismo, a arma mais importante é a paciência”, disse, ao mencionar a estratégia adotada pelo Itamaraty e pela Presidência.
Retomada do prestígio internacional
O presidente avaliou que os desdobramentos das negociações com os Estados Unidos fazem parte de um movimento mais amplo de reinserção do Brasil no cenário global. “Com isso, nós restabelecemos na normalidade democrática. O Brasil voltou a ser respeitado no mundo”, afirmou.
Lula citou encontros com países e blocos internacionais e ressaltou a ampliação do comércio exterior brasileiro. “Em três anos, nós conseguimos 500 novos mercados para os produtos brasileiros. 500 novos mercados”, declarou. Ele também mencionou a expectativa de assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia, em negociação há 26 anos.
“Possivelmente, no sábado, a gente possa assinar o acordo Mercosul-UE”, disse, destacando que o entendimento envolve um mercado de mais de 700 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto estimado em US$ 22 trilhões.
Reconstrução do Estado e balanço interno
No campo doméstico, Lula afirmou que o governo precisou reconstruir estruturas administrativas e políticas públicas após assumir, em janeiro de 2023. “Quando nós chegamos aqui, dia 1º de janeiro de 2023, era como se nós tivéssemos chegado num açude para beber água e não tivéssemos encontrado água”, declarou.
Segundo o presidente, os dois primeiros anos foram dedicados à reorganização do Estado. “Nós passamos praticamente dois anos reconstruindo esse país”, disse, ao citar mudanças em ministérios, conselhos e agências. Para ele, o governo foi eleito para agir, e não para apenas relatar problemas: “A gente foi eleito para fazer aquilo que era preciso ser feito nesse país”.
Democracia e respeito às regras eleitorais
Lula também abordou o fortalecimento institucional e a responsabilização de envolvidos em ataques à ordem democrática. “Pela primeira vez em 520 anos, você tem um presidente da República preso por tentativa de golpe e quatro generais de quatro estrelas presos”, afirmou, acrescentando que o episódio simboliza um amadurecimento democrático.
Ao lembrar derrotas eleitorais do passado, fez um contraponto com reações recentes de setores inconformados com resultados das urnas. “Eu perdi três eleições presidenciais e nenhum de nós aqui resolveu fazer nenhum gesto de rebeldia. A gente resolveu se preparar para ganhar”, disse.



