Manifesto reúne mais de 200 nomes contra cancelamento de Boaventura de Sousa Santos
Intelectuais, juristas e artistas de 32 países denunciam violação do direito de defesa e pedem fim do silenciamento do sociólogo português
247 - Mais de 200 personalidades de reconhecimento internacional, oriundas de 32 países, subscreveram um manifesto que critica o cancelamento público do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. O documento aponta a existência de uma prolongada campanha de difamação e silenciamento que, segundo os signatários, vem afetando o intelectual há quase três anos, com impactos diretos na sua atuação académica e pública.
A iniciativa foi impulsionada pelas feministas Isabel Allegro de Magalhães, Mary Layoun e Maria Irene Ramalho. O texto denuncia a violação do direito de defesa e da presunção de inocência de Boaventura de Sousa Santos e reivindica o fim do seu afastamento de espaços intelectuais, académicos e de debate público.
De acordo com o manifesto, o cancelamento teve origem em acusações feitas por um grupo de ex-investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, instituição fundada pelo próprio Boaventura. As denúncias foram apresentadas exclusivamente por meio da comunicação social e das redes sociais, sem que tenha sido instaurado qualquer processo judicial, criminal ou cível, por assédio sexual ou moral.
O documento sublinha que, apesar da inexistência de provas que sustentem as acusações e da ausência de qualquer julgamento ou condenação, o sociólogo não teve condições de exercer uma defesa plena. Ainda segundo o manifesto, o cancelamento ignorou documentos tornados públicos por Boaventura de Sousa Santos, que, na avaliação dos signatários, demonstrariam a falsidade das acusações formuladas por antigas investigadoras do CES.
Entre os subscritores estão figuras de grande projeção internacional em diferentes áreas do conhecimento, da cultura e da política. A lista inclui a escritora portuguesa Lídia Jorge, Prémio Pessoa de 2025; o jurista espanhol Baltasar Garzón; o argentino Adolfo Pérez Esquivel, Prémio Nobel da Paz de 1980; a filósofa brasileira Marilena Chaui; o teólogo Leonardo Boff; o escritor Silviano Santiago, Prémio Camões de 2022; além de académicos, artistas, magistrados e dirigentes de instituições universitárias de diversos continentes.
Também figuram entre os apoiadores nomes como Raul Zaffaroni, ex-juiz do Supremo Tribunal da Argentina; Goran Therborn, professor jubilado da Universidade de Cambridge; Alice Kessler-Harris, professora da Universidade de Columbia; José Genoino, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores do Brasil; e Vital Moreira, professor jubilado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, entre muitos outros.
O manifesto e a lista completa de signatários estão disponíveis no site de apoio a Boaventura de Sousa Santos. O espaço também permanece aberto a novas adesões, ampliando o alcance internacional da iniciativa que questiona os efeitos do cancelamento e defende o respeito aos princípios fundamentais do Estado de Direito.



