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Master: PF encontra dados sigilosos de investigações com Vorcaro e suspeita de operação hacker

Daniel Vorcaro teria contratado hacker para obter documentos, impulsionar conteúdos positivos na internet e invadir redes sociais de pessoas próximas

Daniel Vorcaro (Foto: Divulgação (Banco Master))

247 - A Polícia Federal identificou documentos de investigações sigilosas no telefone celular apreendido com o banqueiro Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master. O achado levou os investigadores a apurar indícios de que o empresário teria encomendado a contratação de hackers para obter informações protegidas por sigilo judicial e executar outras ações em sistemas de informática, informa o Estado de São Paulo.

Conteúdo encontrado em análise preliminar da extração de dados do aparelho celular inclui trechos de investigações aos quais a defesa de Vorcaro ainda não tinha acesso formal no momento em que os documentos foram obtidos.

De acordo com os investigadores, os arquivos localizados no celular continham partes da apuração sobre suspeitas de crimes envolvendo a tentativa de venda do Banco Master ao Banco Regional de Brasília (BRB). Esse é o eixo central da Operação Compliance Zero, que apura a suposta comercialização de carteiras irregulares de crédito consignado.

A suspeita sobre a origem ilícita do material surgiu a partir de diálogos entre Vorcaro e um funcionário próximo. A PF afirma ter identificado indícios de que o banqueiro solicitou a esse colaborador a contratação de hackers para invadir sistemas e acessar documentos sigilosos relacionados às investigações em curso.

Para os investigadores, a presença desse material no celular do empresário reforça uma das linhas iniciais da apuração: a de que Vorcaro teria tentado deixar o país por saber que poderia ser alvo de uma ordem de prisão. Ele acabou detido quando, segundo a PF, tentava fugir do Brasil.

Além do acesso a dados protegidos, a investigação aponta que as ações atribuídas aos hackers incluíam tentativas de reduzir a visibilidade de conteúdos negativos sobre o Banco Master e ampliar a circulação de notícias favoráveis ao banqueiro. Para esse fim, segundo a PF, teriam sido utilizados robôs programados para manipular a relevância de publicações nas plataformas digitais, diminuindo o alcance de conteúdos desfavoráveis e impulsionando material positivo relacionado a Vorcaro. Também há menção à tentativa de acesso a conversas em redes sociais de pessoas próximas ao empresário.

Daniel Vorcaro deixou a prisão em 29 de novembro, após decisão favorável do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Pouco depois, o ministro Dias Toffoli determinou a remessa do caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), em razão da apreensão de documentos ligados a uma transação imobiliária entre o banqueiro e o deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA).

Com a ida do processo ao STF, a investigação ficou temporariamente paralisada. Os trabalhos foram retomados após nova decisão de Dias Toffoli, na última segunda-feira (15), autorizando a continuidade dos depoimentos dos investigados e a realização de diligências consideradas necessárias.

A Polícia Federal apura suspeitas de que o Banco Master teria vendido carteiras falsas de crédito consignado ao BRB por cerca de R$ 12 bilhões, em uma tentativa de cobrir um rombo financeiro. A defesa de Daniel Vorcaro nega qualquer fraude na operação e sustenta que o banco permitiu a substituição dos ativos assim que inconsistências foram identificadas.

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