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Michelle fala em “traições” e pede perseverança em mensagem de Natal ao lado de Bolsonaro internado

Ex-primeira-dama convoca apoiadores a manterem a fé e a “permanecerem firmes” enquanto Jair Bolsonaro passa por cirurgia

Michelle Bolsonaro (Foto: Reprodução)

247 – Em uma mensagem de Natal divulgada na noite de quarta-feira (24), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) pediu que seus seguidores não se deixem abalar por ataques e sigam adiante “apesar das traições”, inclusive quando elas venham “das pessoas mais próximas”. A declaração foi divulgada em meio à internação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que estava no hospital DF Star, em Brasília, para uma cirurgia de hérnia inguinal marcada para esta quinta-feira (25), após ter deixado a Superintendência da Polícia Federal, onde cumpre pena de 27 anos e três meses.

Na fala, Michelle recorreu a uma linguagem religiosa e buscou fortalecer a militância bolsonarista com apelos de fé e resiliência. “Sigam em frente, deixando de lado as decepções e creiam sempre que tudo absolutamente tudo está no comando do nosso amado Deus. Sejamos fortes e corajosos. As trevas jamais impedirão a nossa luz de brilhar”, afirmou.

A ex-primeira-dama também reforçou o vínculo político com o marido e pediu orações, ampliando o tom de convocação. “Convido a todos para permanecermos firmes no propósito do nosso líder, o meu galego, de transformar vidas, de edificar uma nova nação por meio da verdadeira política. Peço que continue orando por ele, pelas famílias injustiçadas e pela nossa nação. Um santo e abençoado Natal a todos vocês, mulheres, homens e famílias de bem”, concluiu.

O pronunciamento ocorre em um contexto de grande repercussão política e jurídica. Michelle passou a acompanhá-lo no hospital após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a reportagem que divulgou a mensagem.

“Apesar das traições”: recado interno e mobilização política

Ao mencionar “traições” e “maldades”, Michelle adotou um tom que foi interpretado por parte de aliados como um recado também voltado às disputas internas do bolsonarismo. A ex-primeira-dama tem se posicionado como uma das principais lideranças do campo da direita, com forte atuação no PL Mulher, e aparece com frequência em momentos de reorganização e mobilização da base.

Ao longo da mensagem, ela insistiu no discurso de resistência e alinhamento com o projeto político do grupo, reforçando a ideia de que a militância deve manter a fé e a disposição de luta em meio às dificuldades, enquanto o ex-presidente atravessa um momento delicado de saúde sob restrições impostas pelo Judiciário.

Tensão com filhos de Bolsonaro

A fala natalina também acontece semanas depois de um episódio de tensão familiar e política. No início de dezembro, Michelle se envolveu em um atrito com os filhos de Jair Bolsonaro após criticar o apoio do PL a uma eventual candidatura de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do Ceará.

Em nota divulgada à época, ela demonstrou indignação com a possibilidade de apoio ao tucano e atacou o histórico de declarações do ex-ministro. “Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos?”, escreveu. Em outro trecho, continuou: “Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhoso por ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeito com a perseguição que ele tem sofrido?”

O episódio expôs divergências no entorno do ex-presidente, em um momento no qual o grupo tenta manter unidade, reorganizar seu campo político e administrar disputas por protagonismo na direita.

Contexto político e repercussões

A mensagem de Natal reforça a estratégia de Michelle de manter a militância mobilizada em torno de um discurso que mistura fé, identidade política e sentimento de perseguição, elementos recorrentes na comunicação bolsonarista. Ao mesmo tempo, o fato de Bolsonaro estar internado e sob custódia adiciona tensão e dramaticidade ao cenário, ampliando o espaço para manifestações públicas de solidariedade e convocação política.

Publicada em um dos momentos mais simbólicos do calendário cristão, a fala amplia o peso emocional do apelo: perseverar, resistir e manter o vínculo com o líder político mesmo em meio a crises, disputas internas e condições adversas.

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