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Planalto avalia que candidatura de Flávio Bolsonaro pode favorecer Lula em 2026

O anúncio foi feito na sexta-feira (5), após o próprio Flávio confirmar que foi escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), atualmente preso

Flávio Bolsonaro (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

247 - A oficialização do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato do Partido Liberal à Presidência da República em 2026 provocou reações imediatas no Palácio do Planalto e acirrou disputas internas no campo da direita. A leitura dentro do governo é que o movimento pode beneficiar politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma eventual disputa pela reeleição. As informações são do portal Metrópoles.

O anúncio foi feito na sexta-feira (5), após o próprio Flávio confirmar que foi escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Segundo interlocutores do Executivo, a entrada do senador na corrida presidencial cria um cenário mais favorável ao Planalto do que se o principal nome fosse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Integrantes do governo avaliam que Flávio enfrenta maior dificuldade para atrair o Centrão e eleitores moderados, principalmente por carregar a rejeição associada ao sobrenome Bolsonaro. Em cenários recentes de pesquisa, o senador aparece atrás de Lula, o que reforça, na avaliação do Planalto, uma vantagem eleitoral para o atual presidente.

Tarcísio de Freitas chegou a ser visto por setores do mercado e do empresariado como o nome capaz de unificar a direita, ampliar o diálogo com o centro político e reduzir incertezas na economia. No entanto, o governador decidiu priorizar a tentativa de reeleição ao governo paulista, afastando-se do cenário presidencial.

Apesar da oficialização de Flávio, auxiliares do governo consideram que o cenário ainda é fluido. A avaliação é que, com Bolsonaro preso e politicamente fragilizado, o ex-presidente pode rever a escolha do filho até a formalização das candidaturas, a depender das alianças que forem costuradas ao longo de 2025.

Rachas no bolsonarismo e tensões públicas

A escolha de Flávio aprofundou fissuras dentro do próprio grupo bolsonarista. As tensões se tornaram mais visíveis após a prisão de Jair Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses por liderar uma trama golpista, desde 25 de novembro, em Brasília.

Um dos episódios de maior desgaste ocorreu no último fim de semana, quando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou publicamente a aproximação do diretório do PL no Ceará com Ciro Gomes (PSDB) durante evento partidário em Fortaleza. A fala contrariou diretamente uma articulação conduzida pelo deputado André Fernandes (PL-CE), que havia anunciado apoio da sigla à candidatura de Ciro ao governo do Ceará, movimento que teria recebido aval do próprio Jair Bolsonaro.

A repercussão foi intensa dentro da família. Flávio repreendeu a madrasta, e os irmãos Carlos Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Jair Renan também se manifestaram contra a postura de Michelle, expondo um racha público no núcleo familiar.

A indicação do senador também escancarou a divisão dentro da direita, entre o bolsonarismo tradicional e a ala considerada mais moderada. Nas redes sociais, perfis alinhados ao ex-presidente celebraram a decisão, enquanto apoiadores de Tarcísio manifestaram frustração e chegaram a classificar o movimento como uma forma de autossabotagem eleitoral.

Declarações de Flávio Bolsonaro

Em publicação nas redes sociais, Flávio Bolsonaro afirmou ter recebido a indicação com senso de responsabilidade e reafirmou a liderança do pai. Ele declarou:

“Confirmo a decisão de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”.

O senador também escreveu: “Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo”. Em outro trecho, afirmou confiar que Deus “abre portas, derruba muralhas e guia cada passo dessa jornada”.

Estratégia interna do PL

De acordo com informações reveladas anteriormente na coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles, Jair Bolsonaro comunicou a escolha de Flávio a aliados próximos antes do anúncio público. O ex-presidente acredita que o filho ganhará musculatura política à medida que assumir postura ativa como pré-candidato e intensificar viagens pelo país.

Dentro do PL, Flávio é visto como um nome capaz de oferecer maior previsibilidade ao sistema político e ao setor econômico, por ser considerado mais pragmático do que seus irmãos. O plano desenhado nos bastidores inclui o apoio de Tarcísio de Freitas e do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

A tendência, segundo dirigentes partidários, é que Michelle Bolsonaro dispute uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal, enquanto um partido de centro indicaria o nome para a vice-presidência na eventual chapa encabeçada por Flávio Bolsonaro.

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