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PP vê candidatura de Flávio como decisão isolada e abre espaço para novo nome

Líder da sigla na Câmara afirma que movimento de Flávio Bolsonaro liberou federação para buscar alternativa de direita

Brasília (DF) - 11/09/2025 - O senador Flávio Bolsonaro (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

247 - O movimento do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que se lançou candidato ao Planalto sem consultar partidos aliados, abriu caminho para que o PP e o União Brasil considerem outras alternativas na corrida presidencial. A informação foi dada pelo líder do PP na Câmara, doutor Luizinho Teixeira (RJ), em entrevista concedida à Folha de S.Paulo, fonte original deste conteúdo.

Segundo o deputado, a decisão do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro rompeu a articulação que vinha sendo construída entre siglas de direita. Por isso, afirma, a federação “se sente liberada” para buscar um projeto próprio. “Neste momento, a federação [com o União Brasil] se sente liberada para fazer o movimento que ela quiser, porque o PL fez o movimento dele isolado”, disse o parlamentar.


Luizinho detalha que o PP está dividido internamente. Há quem defenda o apoio ao presidente Lula (PT), quem prefira uma candidatura alinhada à direita e quem aposte na independência — grupo que, segundo ele, é majoritário. Para o deputado, o cenário ficou ainda mais incerto com a postura de Flávio Bolsonaro, que, isolado, teria mais dificuldade de atrair o eleitorado de centro. “Ele já sai com uma rejeição muito alta”, afirmou.


O líder do PP acredita que, mesmo que Flávio recue mais adiante, o gesto terá impacto no calendário político. Ele prevê que qualquer desistência tardia atrapalharia a construção de um projeto nacional unificado, já que, até meados de 2025, os palanques estaduais deverão estar definidos. “Se lá na frente ele desistir, ele comprimiu esse tempo para que a eleição presidencial seja a construção principal”, argumentou.


Ao comentar possíveis nomes alternativos na centro-direita, Luizinho cita governadores e lideranças que, em sua avaliação, têm viabilidade eleitoral, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). Ele ressalta, porém, que a prioridade do PP é eleger deputados e senadores, e que as alianças serão guiadas por esse objetivo. “A gente vai olhar qual é o melhor projeto para isso”, destacou.


O deputado também comentou a atuação do bloco de 275 parlamentares de centro e centro-direita, que, segundo ele, será decisivo nas votações da Câmara. Entrando em temas sensíveis, Luizinho defendeu que o Legislativo deve enfrentar propostas que tratem de limitações às decisões monocráticas no STF. “As pessoas aprenderam a usar o Judiciário para intimidar o Parlamento”, afirmou, ao criticar vazamentos e investigações que, segundo ele, são utilizadas politicamente.


Na pauta econômica, Luizinho afirmou que o partido apoia a revisão de benefícios fiscais e se posiciona contra aumento de carga tributária, incluindo a taxação de fintechs e apostas esportivas. Para ele, as fintechs representam um avanço no sistema financeiro e estão sendo pressionadas injustamente. Quanto às casas de apostas, o deputado avalia que a alta informalidade torna a elevação de impostos ineficaz. “Não acredito que aumentar a taxação vai resolver o problema”, disse.

Ao final, o líder do PP reforçou que não participa da construção de candidaturas presidenciais e que seu foco é a condução da bancada. Segundo ele, o bloco se mantém independente, apesar da relação institucional com o governo.

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