Ramagem diz ter "anuência" do governo Trump para estar nos EUA
Deputado bolsonarista fugiu do Brasil após ser condenado pelo STF por tentativa de golpe
247 - O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação na tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022, declarou estar “seguro” nos Estados Unidos e afirmou contar com a “anuência” do governo norte-americano para permanecer no país. As declarações foram dadas em entrevista exibida no canal Conversa Timeline, no YouTube, segundo a CNN Brasil.
Ramagem relatou que, segundo ele, autoridades norte-americanas o teriam acolhido positivamente após sua chegada aos Estados Unidos. O parlamentar recebeu sentença de 16 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime fechado por crimes ligados à trama golpista.
Durante a conversa, conduzida pelo blogueiro bolsonarista foragido Allan dos Santos, o deputado reforçou que se sente protegido fora do Brasil. “Nas palavras até do governo americano para mim: ‘Que bom que temos um amigo que está em segurança, a salvo, aqui nos Estados Unidos’. Então, a gente tem esse apoio dos norte-americanos de tudo o que está acontecendo no Brasil’”, afirmou. Mais adiante, reiterou: “Eu estou seguro aqui com a anuência e o conhecimento do governo americano. Essa perseguição contra mim, grave, a gente vai acabando por ter ciência, consciência disso, desvendando os porquês ao longo do tempo”.
Ramagem atribuiu o que chama de “perseguição” à sua proximidade com Jair Bolsonaro (PL) e ao papel que, segundo ele, exercia para “proteger o Brasil” do que define como um “sistema oligárquico” e “tirano”. A Polícia Federal, o STF e o governo dos Estados Unidos foram procurados pela reportagem original, mas não se manifestaram até então.
Condenação e indícios de fuga
O STF condenou o parlamentar pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Delegado da Polícia Federal, Ramagem dirigiu a Abin durante o governo Bolsonaro e, de acordo com as investigações, integrava o núcleo responsável por construir e disseminar mensagens que colocavam em dúvida a integridade do processo eleitoral brasileiro.
Na quarta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva do deputado. Investigações da PF apontam que ele teria deixado o Rio de Janeiro em direção a um estado do Norte, seguido viagem por terra até um país vizinho e, de lá, embarcado rumo aos Estados Unidos. A pena imposta ainda não começou a ser cumprida porque o processo não transitou em julgado — o prazo para novos recursos segue em andamento, e as defesas dos réus do núcleo 1 têm até esta segunda-feira (24) para apresentar contestações.
Busca por proteção familiar
Nas redes sociais, Rebeca Ramagem, esposa do deputado, publicou no domingo (23) que a família viajou aos Estados Unidos para se proteger. Na entrevista, o parlamentar também mencionou temer que suas filhas testemunhassem sua prisão. “É lógico que eu não ia ficar no Brasil. Eu consegui essa possibilidade de sair... Minhas filhas me vendo ser preso, sem ter cometido crime algum. Eu sofrer diante de uma ditadura. Eu não sei quanto tempo vai levar, mas a gente vai virar esse Brasil”, declarou.



